Folha de S. Paulo


De Goiânia a Amapá, Balada Literária reúne autores de fora do eixo Rio-SP

Para Herbert Emanuel, poesia é ato de resistência. Sentindo-se isolado em Macapá (AP), cidade a qual se chega apenas de avião ou barco, ele diz que a falta de acesso dificulta a chegada de projetos à região.

Em maio deste ano, no entanto, a cidade recebeu a visita do escritor Marcelino Freire e do jornalista Jorge Filholini. Herbert e sua mulher, Adriana Abreu, visitaram os dois no hotel em que estavam e, ali mesmo, na sacada do prédio, recitaram poesias.

Passados seis meses, o casal apresenta, nesta sexta (20), às 20h30, um poema sonoro no centro Cultural b_arco, parte da programação da 10ª Balada Literária. O evento, idealizado por Marcelino, promove até domingo (22) uma série de encontros em São Paulo.

Arquivo pessoal
HERBERT EMANUEL, de Macapá, AP, poeta e compositor, bastante conhecido na cidade, sobretudo à frente de seu grupo de poesia falada. Foto: Arquivo pessoal ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Herbert Emanuel, poeta que estará na Balada Literária

Herbert e Adriana serão responsáveis por trazer à capital paulista a poesia macapaense, local que há cinco anos vê crescer o número de recitadores de poemas –são mais de dez grupos, como o Tatamirô, do qual a dupla está à frente.

Eles não são os únicos participantes da Balada oriundos de fora do eixo Rio-São Paulo. Haverá escritores de Goiânia, Vitória, Porto Velho, Teresina, Aracaju e outras cidades à margem dos centros literários.

Contemplados pelo programa Rumos Itaú Cultural, Marcelino e Filholini visitaram, em um ano, 15 capitais, onde promoveram oficinas e recitais. A aventura resultou no livro "Quebras", uma espécie de diário de bordo dos organizadores, que será lançado na sexta, às 20h30, no b_arco. "A gente queria conhecer a pulsação da cidade. O projeto foi para encontrar gente aperreada e teimosa", afirma Marcelino.

Nas viagens, os dois se aproximaram de veteranos pouco conhecidos do público. É o caso de Waldo Motta, poeta capixaba que diz explorar a relação "entre a bunda e a montanha sagrada; entre o erotismo anal e a religião", e é celebrado por nomes como o diretor teatral Zé Celso.

Cruzaram em Belém com Antônio Moura, de quem tomaram conhecimento por meio da indicação do escritor manauara Milton Hatoum. No encontro, o paraense, que tem quatro livros de poesia publicados, contou sobre sua atual incursão na prosa.

Antônio participa de debate na Livraria da Vila, às 11h, sábado (21). E Waldo será sabatinado pelo ensaísta Reynaldo Damazio e outros, às 14h de domingo (22), no b_arco.

Entre as surpresas encontradas pelo Brasil –que incluíram um sarau dentro da praça de alimentação de um shopping, no Amapá, e a performance de roqueiro do professor Élio Ferreira, de Teresina, em recitais de poesia–, estão novatos como Walacy Neto, que organiza saraus em Goiânia à frente do coletivo Zé Ninguém, e Elizeu Braga, poeta de Porto Velho que virá pela primeira vez à região Sudeste.

Em São Paulo, Walacy comandará um sarau no sábado, às 13h, no Espaço Plínio Marcos, e Elizeu participará de conversa com o escritor Wilson Freire no domingo, às 15h30, no b_arco.

O porto-velhense resumiu em poesia publicada no Facebook sua expectativa: "Eita que não sei não, se vai aguentar o coração, tão dizendo por aí que na Balada Literária desse ano, tem um caboco de Porto Velho na programação".

BALADA LITERÁRIA
QUANDO até 22/11
ONDE em diversos locais de São Paulo; programação no site baladaliteraria.com.br
QUANTO grátis


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