Folha de S. Paulo


CRÍTICA

'Jessica Jones' foge do padrão de heróis carrancudos da Marvel

Trailer de "Jessica Jones"

"Jessica Jones" é a melhor adaptação já produzida a partir de um quadrinho da Marvel e tudo que você precisa saber sobre ela está logo no primeiro episódio. Caso seja uma dessas pessoas que morrem de medo de spoilers, pode ficar tranquilo, portanto.

Criada por Brian Michael Bendis e Michael Gaydos, e adaptada para a Netflix por Melissa Rosenberg, "Jessica Jones" conta a história de"¦ Jessica Jones (Krysten Ritter, a namorada do Jesse em "Breaking Bad"). Ela é uma heroína que, após um encontro com um inimigo conhecido pelo nome de Kilgrave (David Tennant, ou o décimo Doutor de "Doctor Who"), abandona o combate ao crime e começa a ganhar a vida como detetive particular em Nova York.

Myles Aronowitz/Netflix
Colby Minifie, Krysten Ritter in the Netflix original series
Colby Minifie e Krysten Ritter em "Jessica Jones", adaptação dos quadrinhos

E sua vida é igual à de todo detetive que se preze. Ela bebe, transa, bate em uma porção de gente e sofre de estresse pós-traumático sem nunca perder o mau humor. Tudo parece seguir a mesma rotina até que, ao solucionar um caso, Jessica descobre que Kilgrave voltou e está atrás dela. É exatamente aí que a série de fato começa.

NOIR CLARO

Embora seja resolvida em si mesma, a série é apenas a segunda parte de um arco que culminará na formação de um supergrupo local de heróis, os Defensores –uma espécie de Vingadores de bairro.

"Demolidor", que estreou em abril deste ano também na Netflix, foi a primeira parte do arco, mas as duas séries não poderiam ser mais diferentes.

De início –e o primeiro ponto a favor de "Jessica"– nota-se o abandono da "Escola Christopher Nolan de Super-Heróis Sérios", inaugurada em "Batman Begins", de 2005.

Embora tenha sido criada para um selo adulto da Marvel e faça parte de um arco de série igualmente voltada para este público, sua origem sombria e a constante homenagem a filmes de detetive –sendo a trilha de abertura um exemplo perfeito– não impedem a série de possuir humor e, vejam só, uma grande quantidade de cenas externas e diurnas. Parece bobagem, mas é realmente uma surpresa.

O segundo ponto é que Jessica é interpretada por uma atriz mais capaz. É um alívio ver alguém como Krysten Ritter, que foge do estereótipo de beleza característicos das histórias em quadrinhos (peitos gigantes e decotes generosos), impor seriedade e leveza a uma personagem visivelmente perturbada.

Por fim, e não menos importante, esta é a primeira super-heroína da Marvel a ser protagonista de algo. Já temos Peggy Carter à frente da série "Agente Carter", mas ela não conta –embora seja uma personagem forte e importante, Carter não satisfaz nossa vontade de ver uma mulher voando e socando todo mundo por aí. Jessica, sim.

NA INTERNET

JESSICA JONES
QUANDO sex. (20), na Netflix (episódios liberados às 6h)


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