Folha de S. Paulo


Cinco anos e U$ 2,3 bi em bilheteria depois, 'Jogos Vorazes' chega ao fim

Trailer do último 'Jogos Vorazes'

Em 2010, quando a produtora Nina Jacobson começou a rodar por Hollywood com os direitos de "Jogos Vorazes", trilogia literária de Suzanne Collins, nenhum grande estúdio deu bola. Crianças se matando em um reality show não é a ideia normal de diversão.

Cinco anos e US$ 2,3 bilhões (R$ 8,8 bilhões) em bilheteria depois, a saga bancada pela Lionsgate termina com "A Esperança - O Final", filme que vai fundo em escolhas morais questionáveis em tempos de conflito.

O tema novamente pode causar alergia nos executivos de cinema, principalmente após os ataques em Paris, na sexta (13). O último "Jogos Vorazes", aliás, teve várias cenas rodadas em Noisy-le-Grand, subúrbio da capital francesa, e trata de martirização, propaganda e traumas de guerra.

"Nos dois primeiros filmes, percebemos que os rebeldes deveriam ir contra a tirania da Capital. No fim, descobrimos que algo terrível acontece com os heróis até o momento derradeiro", diz a atriz Jennifer Lawrence à Folha.

"Era importante não distanciar os protagonistas da dor e das consequências da guerra. Espero ter mostrado que podemos lutar por liberdade, mas que isso não significa a ausência de sequelas."

No último filme, Katniss Everdeen mergulha em uma espiral de vingança contra o presidente Snow (Donald Sutherland), que programou Peeta (Josh Hutcherson), seu parceiro e eventual par romântico, para matá-la.

Já Gale (Liam Hemsworth), que completa o triângulo amoroso, virou um estrategista militar inescrupuloso. "Ele perde a bússola moral", diz Hemsworth. "Quer terminar com a guerra e se prepara para derramar até sangue inocente."

Apesar do tema pesado, o longa tem a missão de recuperar a série: "A Esperança - Parte 1" rendeu US$ 100 milhões a menos que o segundo episódio, "Em Chamas".

"Esse capítulo final é bastante fiel ao livro e centrado em Katniss", diz o diretor Francis Lawrence. Nele, "o formato dos jogos meio que retorna, mas na Capital. Estamos em uma arena de guerra."

UM SUCESSO GLOBAL

Ninguém teve a vida tão alterada por "Jogos Vorazes" quanto Jennifer Lawrence, atriz que, aos 21, começou a filmar o papel de Katniss Everdeen, a heroína que desafia a tirania de um governo sádico.

Ela era pouco conhecida quando o primeiro longa foi lançado, em 2012 –apesar da indicação ao Oscar por "O Inverno da Alma" (2010) e do papel de Mística em "X-Men: Primeira Classe" (2011).

Agora, aos 27, Lawrence é a atriz mais bem paga de Hollywood, com receitas anuais de US$ 52 milhões (R$ 199 milhões). Também é dona da estatueta de melhor atriz por "O Lado Bom da Vida" (2012), dirigido por David O. Russell.

Mas no início, os executivos da Lionsgate não estavam certos em relação a atriz: ela já havia passado da adolescência em que a personagem transitava e não tinha o corpo magrelo que Hollywood venera.

O diretor Gary Ross, que saiu após o primeiro "Jogos Vorazes", bancou a escolha. Também segurou as rédeas quando o estúdio quis turbinar o triângulo entre Katniss, seu companheiro de jogos Peeta (Josh Hutcherson) e o namoradinho da heroína, Gale (Liam Hemsworth).

"Era algo que me incomodava", diz a atriz. "Mas depois o filme focou a guerra e não havia tempo para romance. Éramos crianças numa época em que um beijo era um luxo."

Ao lado da comediante Amy Schumer, Lawrence prepara seu primeiro roteiro. "Está quase pronto. Interpretamos duas irmãs que se separam da família e têm uma relação doentia de dependência."

A atriz, que poderá ser vista em "Joy: O Nome do Sucesso", novamente com David O. Russell, está sendo disputada por Hollywood: Steven Spielberg, Darren Aronofksy e até o próprio Francis Lawrence (sem parentesco), de "Jogos Vorazes", a querem. "Preciso tirar umas férias", diz.


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