Folha de S. Paulo


Artista chinês Ai Weiwei organiza coleta para conseguir peças de Lego

O artista dissidente chinês Ai Weiwei, 58, colocará pontos de doação de peças de Lego, anunciou nesta segunda-feira (26), depois de acusar a empresa dinamarquesa de se negar a atender um pedido seu por causa de suas motivações políticas.

O jogo infantil foi envolvido em uma controvérsia nas redes sociais quando Ai afirmou que a Lego se recusou a lhe enviar peças porque "não pode aprovar a utilização [de seus produtos] para fins políticos".

Nas redes sociais, internautas se mobilizaram para oferecer suas próprias peças Lego ao artista. O engajamento foi tamanho que o artista criou pontos de coleta do material em diferentes cidades, anunciou em sua conta no Instagram.

Usuário do Twitter se oferece para doar suas peças ao artista chinês

O polivalente artista chinês é crítico ao governo de Pequim, mas as tensões parecem ter diminuído nos últimos tempos.

Ai já utilizou peças de Lego para construir retratos de ativistas políticos de todo o mundo em uma exposição na prisão de Alcatraz, nos Estados Unidos, no ano passado. Ele pretende criar uma obra similar para uma mostra na Austrália.

"Ai Weiwei decidiu fazer uma nova obra para defender a liberdade de expressão e a 'arte política'", acrescentou em sua conta no Instagram.

Liao Lulu - 23.ago.13/Folhapress
China 23.08.2013, O artista chines Ai Weiwei em sua casa-estudio, em Pequim. Foto Liao Lulu / Folhapress ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Ai Weiwei com um de seus gatos na casa-estúdio, em Pequim, em 2013

Ai também lembrou que a companhia britânica Merlin Entertainments, dona e gestora dos parques temáticos Legoland, havia anunciado seu desejo de construir uma sede em Xangai na semana passada, por ocasião da visita oficial do presidente chinês, Xi Jinping, ao Reino Unido.

A casa matriz da Lego, Kirkbi, possui uma participação de 30% da Merlin.

Em nota, a companhia dinamarquesa declarou ao jornal britânico "The Guardian" que se dedica apenas a fornecer "grandes experiências lúdicas e criativas às crianças" e, por isso, "rejeita globalmente" se comprometer ou apoiar o uso de peças de seus produtos em projetos ou contextos políticos.


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