Folha de S. Paulo


'Arquivo X' voltará à TV menos sombrio e com foco em espionagem

Fox Mulder está cabisbaixo, desempregado, solteiro e descuidado. Dedicada a doenças misteriosas, Dana Scully pratica medicina com a mesma beleza hipnotizante.

Quatorze anos depois do fim de "Arquivo X" e de uma separação claramente não pacificada, os protagonistas da série se reencontram para a retomada da trama, sucesso nos anos 1990, em que o casal de agentes do FBI investigava casos sobrenaturais.

Mas, se a tensão amorosa entre a dupla é subliminar, a aparição de fenômenos sobrenaturais, alienígenas e sombrios é mais ostensiva do que costumava ser.

No sábado (10), a Folha esteve no festival de cultura pop Comic Con, em Nova York, e assistiu à pré-estreia para fãs do primeiro episódio da décima temporada –que irá ao ar em janeiro de 2016 (no Brasil, pelo canal Fox).

Há uma mistura de elementos dos anos 1990 (fotografias impressas, por exemplo) com novidades tecnológicas dos anos 2000 (mensagens de texto, entre outras).

Em dada passagem, um personagem tampa a câmera do computador com fita-crepe. "Não é por acidente", afirmou o criador da série, Chris Carter, em entrevista a jornalistas após a exibição.

Ele diz que o alvo da retomada é "o público que fez a série virar hit há 15 anos". Resta saber qual será o equilíbrio entre passado e presente.

Uma transição é certa. O seriado agora se passa na "era da paranoia", define Carter. A espionagem sistemática feita pelo governo americano atualizará o tom conspiratório. "É um bom período para retomarmos. O governo admitiu que te espia. Vamos ficar no presente", diz o diretor.

O ator David Duchovny, que faz o ex-agente Mulder, conta que só topou voltar à empreitada pela visibilidade que séries passaram a ter.

"É um lugar onde quero estar. Foi a transformação da TV nos últimos cinco, seis anos que me convenceu", disse.

Para ele, o novo tom –menos obscuro, mais escancarado– é resultado da evolução do gênero de mistérios sobrenaturais nos últimos 15 anos.

"As pessoas estão acostumadas a ver [mais efeitos visuais]. Não sei se é bom ou ruim", afirmou. "Temos mais tecnologia, mais recursos. Os tempos mudaram."

A atriz Gillian Anderson, que interpreta Scully, não estava presente no evento.

Mitch Pileggi, ator que faz o agente Walter Skinner, disse que a química entre o elenco voltou assim que recomeçaram as filmagens. "Foi fácil, foi natural. Parecia a coisa certa a se fazer."

Para Duchovny, é um reencontro "instintivo". "Temos uma memória coletiva. Nem precisamos de palavras para nos entendermos." O ator relatou ter se emocionado no primeiro dia de filmagem.

"É claro que sinto mais pressão [devido às expectativas em relação à reestreia]", admitiu Pileggi. "Mas fiquei muito feliz com o primeiro episódio." É um bom começo.


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