Folha de S. Paulo


Coleções apostam em rendas e tecidos típicos brasileiros na SPFW

Um dos maiores momentos desta edição de inverno 2016 da São Paulo Fashion Week não tem a ver com celebridades, tops internacionais e fofocas de bastidores.

Na terça (21), terceiro dia de desfiles, estilistas e marcas provaram que é possível utilizar a mão de obra artesanal brasileira sem recorrer ao regionalismo folclórico.

Não é pouco para uma moda nacional que há até pouco tempo rechaçava o uso de rendas, brocados e bordados comuns à herança têxtil africana e indígena do Brasil. Uma das maiores porta-vozes do manifesto a favor do tecido nacional é Patricia Bonaldi.

A mineira apresentou na SPFW o terceiro desfile de sua grife PatBo, o mais maduro de sua carreira como estilista.

Os vikings podem ter sido a base de sua coleção, mas, ao trazer os elementos que compõem o visual desse povo para a realidade brasileira, surgiram penas, cordas, tricô e um complexo trabalho de construção de roupa que nada deve ao das estrangeiras.

Franjas de seda e algodão seguiam os movimentos das modelos, simulando ondas bravas que precisavam ser transpostas pelos vikings. As cordas entrelaçadas, tingidas de azul e branco, entram no clima navy que faz sucesso entre as clientes mais jovens.

O tricô, uma das matérias-primas da Pat Bo, é a especialidade da GIG, marca da estilista mineira Gina Guerra. O trabalho artesanal é feito em máquinas tecnológicas.

Texturas em matelassê para coletes amplos e moletons afastados do corpo, alguns com mangas arredondadas, outros encurtados, compõem a coleção, assim como os casacos tipo bomber eram combinados com saias de corte geométrico.

A imagem flerta com o urbano, marca registrada do estilista Vitorino Campos, que em sua coleção, apresentada pela manhã numa casa no bairro dos Jardins, em São Paulo, olhou para o espaço.

O novo Planeta Rosa, descoberto pela Nasa, inspirou os uniformes intergalácticos, que deram forma aos punhos dos vestidos de manga longa e aos moletons masculinos, novidade para a marca.

Uma malha italiana tensora, que define as curvas, foi usada em vestidos mídi pretos fendados e curtos com aplicação de cristais Swarovski. Nas quatro peças bordadas à mão foram usadas 18 mil pedras.

O toque também foi o objeto principal de Valdemar Iódice, dono da grife que leva seu sobrenome. A Belle Époque e um atitude rockn'roll foram mesclados a rendas renascença, um dos trabalhos têxteis mais brasileiros.


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