Folha de S. Paulo


Ex-pugilista Muhammad Ali é tema de mostra do fotógrafo Thomas Hoepker

Não foi fácil para Thomas Hoepker, fotógrafo alemão radicado nos Estados Unidos, escolher 25 retratos do ex-pugilista norte-americano Muhammad Ali, 73.

Nos últimos dois meses, ele esteve em contato com o curador Diógenes Moura e a galerista Jully Fernandes para chegar ao número que integra "Impávido Muhammad Ali", exposição que abre nesta quarta (7) na Galeria de Babel, em São Paulo.

No Brasil para a abertura da mostra, o fotógrafo de 79 anos, que presidiu a agência Magnum entre 2003 e 2006, elogia a arquitetura do espaço, onde suas fotos se dividem em três pequenas salas.

Mas logo pede licença, levanta-se e sai em busca do livro recém-lançado que contém grande parte das imagens que fez do pugilista em um período de mais de cinco décadas ("Big Champ", Peperoni Books, 144 págs., 40 euros).

Hoepker o retratou pela primeira vez no dia em que o boxeador foi campeão dos Jogos Olímpicos, em 1960, quando tinha 18 anos e ainda atendia pelo nome de Cassius Clay –passou a ser chamado de Muhammad Ali-Haj após se converter ao islamismo, em 1964.

Na época um lutador desconhecido, Muhammad Ali só foi reconhecido por Hoepker anos mais tarde, após o fotógrafo ter sido incumbido pela revista alemã "Stern" de viajar a Londres para retratar o pugilista promissor que iria lutar com o campeão britânico Brian London, em 1966 (o inglês foi nocauteado por Muhammad no terceiro round, depois de receber 11 socos no tempo de três segundos).

Nas duas semanas em que ficaram em contato, Hoepker registrou, além da luta, os treinos que a antecederam e o descanso no hotel após a vitória, onde o pugilista aparece devorando uma enorme taça de sorvete.

Também fez imagens de jantares com amigos e empresários, do cochilo dentro da limusine e do flerte entre Muhammad Ali e a atendente de padaria, Belina Boyd, que se tornaria, um ano depois, a terceira mulher do lutador.

INVISÍVEL

Para Hoepker, que acompanhou o pugilista em outros momentos, em cidades como Chicago, Miami e Filadélfia, o segredo para as fotos que obteve foi "desaparecer".

"Ia quando ele me convidava e o deixava sozinho quando ele queria", explica. "Tentava me tornar invisível. É a melhor coisa que se pode fazer como fotógrafo."

A última vez em que os dois se encontraram foi em 2012, quando o pugilista recebeu uma homenagem em Londres por conta da Olimpíada.

Com a doença de Parkinson em estágio avançado, diagnosticada na década de 1980, Muhammad Ali não reconheceu Hoepker.

"Sabia que ele estava doente, mas foi muito triste vê-lo assim", diz o fotógrafo que, na ocasião, tirou sua última foto do ex-boxeador.

IMPÁVIDO - MUHAMMAD ALI
QUANDO ter; a sex., das 10h às 19h, sáb., das 11h às 17h
ONDE Galeria de Babel, Vila Modernista, al. Lorena, 1.275, casa 2, tel. (11) 3825-0507
QUANTO grátis


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