Folha de S. Paulo


'Bonito é o movimento na fotografia', diz premiado German Lorca

Um dos principais nomes da fotografia no Brasil, German Lorca, 93, fará palestra na Folha na próxima segunda-feira (5), às 19h. O evento, que é gratuito e aberto ao público, marca o início do Programa de Treinamento em Fotojornalismo e Vídeo.

Na ocasião, Lorca falará de sua carreira e de sua relação com a fotografia. Para participar, é preciso mandar nome completo e RG para o e-mail eventofolha@grupofolha.com.br.

Ao lado de Geraldo de Barros (1923-1998) e de Thomas Farkas (1924-2011), Lorca foi um dos precursores do modernismo na fotografia do Brasil. Segundo o curador especializado em fotografia Eder Chiodetto, "sua obra pode ser vista como um elo preciso entre o ideário modernista e a arte contemporânea brasileira".

A ideia de testar imagens com contornos difusos e levemente desfocadas, a princípio, gerou controvérsia. Em certa reunião do Foto Cine Clube Bandeirantes (FCCB), quando ainda era um amador, entre o fim dos anos 1940 e início de 1950, Lorca apresentou aos colegas uma foto não muito nítida da espuma das ondas do mar. "O bonito era o movimento. Era isso que eu queria mostrar: o movimento na fotografia".

Até então, a fotografia brasileira ainda estava muito ligada à ideia de registro, ainda que de maneira artística. Foi a partir dessa época que começou a quebrar regras e ganhar imaginação.

No fim de novembro, suas fotos farão parte de uma exposição com 280 obras de fotógrafos do FCCB. A mostra acontece de 26/11 a 20/3/2016, no Masp, e tem curadoria de Rosângela Rennó.

CARREIRA

É com modéstia que German Lorca resume seus 65 anos de carreira. Conta que deu seus primeiros passos como fotógrafo na lua de mel, quando conseguiu uma câmera emprestada com um amigo. "Não perdi uma foto", diz.

Tempos depois, em 1946, com uma máquina alemã usada que comprou na loja de um amigo, começou a frequentar o FCCB. Como naquela época não havia escolas de fotografia na cidade, o clube reunia entusiastas para discutir e aprender a partir da experiência.

Suas fotos da arquitetura e do dia a dia do centro mostram uma São Paulo que começava a ganhar os traços do progresso, mas conservava o charme clássico dos anos 50. A profissão de contador deu lugar à de fotógrafo e Lorca fez história ao registrar as comemorações dos 400 anos da cidade por ângulos inusitados e pouco convencionais.

Com o passar do tempo e a promessa de maiores rendimentos, Lorca trocou as ruas pela fotografia publicitária. Não deixou de lado, porém, aquilo que chama de "foto de arte" —entre um serviço e outro, se punha a experimentar com sobreposições, contornos e sombras.

Aos 93 anos, já perdeu as contas de quantos prêmios ganhou e de quantas exposições participou. Ainda assim, não se convence: "Não sou artista. Sou um fotógrafo que faz boas fotografias".


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