Folha de S. Paulo


Rock in Rio teve trabalho análogo à escravidão, denuncia ministério

Auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) consideraram que 17 trabalhadores do Rock in Rio estavam em situação análoga à escravidão. Eles eram ambulantes da Batata no Cone, empresa que alugava espaço para atuar no evento.

Segundo o MTE, grosso modo, os ambulantes pagavam para trabalhar. Vindos de SP e do Rio, arcaram com custos de passagens, hospedagem, alimentação e atestado médico.

Além disso, tiveram que pagar R$ 400 para garantir uma vaga. Ganhavam R$ 2 por pacote de batata vendido por R$ 14, sem remuneração complementar. Cada vez que terminavam um turno sem vender batatas, tinham que pagar R$ 12 por cada.

Na prática, diz o MTE, a empresa transferia o risco do negócio para o trabalhador. Com tantas despesas, alguns chegaram ao final do evento com dívidas.

"Um deles vendeu cerca de 500 batatas e ganhou R$ 1.000. Ainda assim, ao final, tinha uma dívida de R$ 1.500", diz a auditora-fiscal Márcia Miranda.

Ainda segundo o MTE, eles eram submetidos a jornadas de trabalho excessivas, trabalhando até 10 horas por dia carregando peso. Os ambulantes estavam hospedados na favela do Urubu, que fica perto da Cidade do Rock. O MTE constatou que eles dormiam no chão num apartamento que abrigava 18 pessoas sem condições de higiene.

Os contratos serão rescindidos e a empresa terá que pagar verbas indenizatórias. Por se tratar de infração grave, o Ministério Público pode abrir ação contra a Rock World, responsável jurídica pela produção do festival, apesar de ela não ser a responsável direta pelos trabalhadores, diz o MTE.

Procurada, a Rock World informou que a Batata no Cone não é contratada pelo Rock in Rio, apenas aluga um espaço para atuar na Cidade do Rock. A empresa não respondeu às tentativas de contato até a conclusão desta edição.

ORGANIZADORES NÃO DIVULGAM O PÚBLICO DA FESTA

Sem fornecer números gerais de público, a organização do Rock in Rio divulgou, nesta segunda-feira (28), um balanço parcial sobre o evento.

Ao todo, o público consumiu 120 mil hambúrgueres, 20 mil milk-shakes, 75 mil picolés e 27 mil cachorros-quentes.

Ao longo dos sete dias de Rock in Rio, foram geradas cerca de 100 mil toneladas de lixo reciclável.

Segundo uma pesquisa feita pela Riotur, empresa de turismo da prefeitura, com 515 pessoas, homens representaram 49,3% do público e mulheres, 50,7%. Quanto à faixa etária, de acordo com a mesma pesquisa, 51% do público tinha entre 18 e 31 anos.

Solteiros representaram 59% do total, 58,5% têm ensino superior e 58,2% chegaram de avião.

Editoria de Fotografia/Folhapress
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