Folha de S. Paulo


'Vamos ao que Interessa' reúne cem crônicas de João Pereira Coutinho

Vivemos uma nova era da brutalidade, que já não se impõe por meio das armas, mas se apresenta como uma distopia retórica à moda do escritor britânico George Orwell (1903-1950). Apesar disso, é possível abordá-la com a leveza que uma crônica requer.

Em "Vamos ao que Interessa", subtitulado "Cem Crônicas da Era da Brutalidade", o colunista da Folha João Pereira Coutinho, 39, mantém esse difícil equilíbrio entre sombra e luz –lançado pelo selo Três Estrelas, do Grupo Folha, o livro reúne cem textos publicados por Coutinho no jornal de 2008 a este ano.

"Sou um mártir do senso comum, para usar a expressão do [filósofo romeno] Cioran. Limito-me a apontar o dedo para o aberrante e deixar que o aberrante fale por si", diz, por e-mail, o escritor e cientista político português.

Leticia Moreira/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 04-08-2014, 19h00: O cronista Joao Pereira Coutinho durante o lancamento do livro “As ideias conservadoras explicadas a revolucionarios e reacionariosâ€, de Joao Pereira Coutinho na livraria da Vila no Shopping Higienopolis. (Foto: Leticia Moreira/ Folhapress, MONICA BERGAMO)
O cronista João Pereira Coutinho, que lança o livro "Vamos ao que Interessa"

Para Coutinho, a brutalidade dos "tempos modernos", nome de um dos capítulos do livro, é visível "na obsessão politicamente correta em não ofender grupos, minorias, bichos do campo, espíritos errantes, eu sei lá".

Essa brutalidade, prossegue o colunista, é praticada por poderes não oficiais, incluindo universidade e mídia, que tentam impor aos demais um código de comportamento uniforme. "Ela é mais difícil de detectar, porque se apresenta sob várias capas: multiculturalismo, relativismo, políticas afirmativas etc."

"Mas o fim é o mesmo: a destruição da liberdade individual e até da dignidade humana", assevera o escritor, para quem a coisa mais sábia a dizer ao poder "não está num manual de filosofia, mas na porta de um quarto de hotel: favor não incomodar".

A organização da coletânea, diz Coutinho, buscou conduzir o leitor dos temas difíceis aos mais leves, numa espécie de "movimento ascendente das trevas à luz".

"Cogitei chamá-la de 'A Divina Comédia' e dividir tudo em Inferno, Purgatório e Paraíso, mas pensei que a ideia talvez não fosse original", brinca o autor, que dedica a obra ao filho, "para que ele saiba que nem tudo está perdido".

"Espero estar em São Paulo na segunda metade de outubro para reencontrar leitores e desfigurar o livro com a minha assinatura", acrescenta o colunista –o lançamento será no dia 20 do próximo mês, em lugar ainda a definir.

VAMOS AO QUE INTERESSA
AUTOR João Pereira Coutinho
EDITORA Três Estrelas
QUANTO R$ 34,90 (264 págs.)


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