Folha de S. Paulo


Agente literária Carmen Balcells, a 'mamá grande' de García Márquez, morre aos 85

Considerada uma das figuras centrais na explosão comercial da literatura latino-americana nos anos 1960 —o "boom"—, a agente literária catalã Carmen Balcells morreu no domingo (20), aos 85 anos, em Barcelona. A causa da morte não foi divulgada até a publicação desta nota.

Desde que fundou sua agência literária em 1956, ela negociou direitos autorais de alguns dos maiores escritores do mundo.

Ángel Díaz/Efe
GRA391. MADRID, 21/09/2015.- Fotografía de archivo, del 21/03/2011, de la prestigiosa agente literaria Carmen Balcells (Santa Fe de Dalt, Lleida) quien ha fallecido hoy a los 85 años. Balcells ha representado a más de 300 escritores de habla hispana y portuguesa y a las más prestigiosas editoriales en los países latinos. EFE/Archivo/Ángel Díaz ORG XMIT: GRA391
A agente literária Carmen Balcells, em foto sem data

Passaram por seu escritório Pablo Neruda, Julio Cortázar, Carlos Fuentes, Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez. Também Isabel Allende, Juan Carlos Onetti e Javier Cercas. E Italo Calvino, Jorge Luis Borges, Vladimir Nabokov e Milan Kundera desde 2014, quando se juntou a Andew Wylie para fundar uma superagência literária.

Era uma mulher que, segundo relatos, costumava tratar seus autores com dedicação materna — foi apelidada de "mamá grande" (grande mãe) por Gabriel García Márquez. Dava conselhos (e adiantamentos para acalmar seus escritores, quando necessário), fechava traduções e os inscrevia em prêmios literários.

Sobretudo, profissionalizou as relações financeiras no mercado editorial, atribuindo aos autores valor de mercado com porcentagens sobre traduções e controle sobre o número de exemplares editados.

Em artigo publicado nesta segunda (21) no site do jornal espanhol "El País", o escritor peruano Mario Vargas Llosa, Nobel de literatura, destacou o papel revolucionário de Balcells, a quem atribuiu o início de contratos dignos e o respeito aos direitos dos literatos. Também lembrou os momentos em que ela "mimou" os agenciados, e os preencheu de "compreensão e carinho em tudo o que fazíamos, não só no que diz respeito ao que escrevíamos".

"Ela induziu e até obrigou os editores da Espanha e da América a se tornar modernos e ambiciosos, a operar num marco amplo de toda a língua e abandonar a visão pequena e provinciana que tinham", afirmou.


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