Entre os diretores dinamarqueses que despontaram nos anos 1980, o mais experiente é Gabriel Axel ("A Festa de Babette", 1987), que começou na década de 1950; o mais acadêmico, Bille August ("Pelle, O Conquistador", 1987); e o polemista é Lars von Trier ("O Elemento do Crime", de 1984, muito melhor que as bobagens que cometeu recentemente).
O melhor desses diretores, contudo, permaneceu desconhecido fora da Dinamarca: Nils Malmros. Sua grande fase aconteceu nos anos 1980, quando realizou filmes inesquecíveis como "A Árvore do Conhecimento" (1981) e "Arhus by Night" (1989).
O mundo das crianças e dos adolescentes e o trabalho de um cineasta são dois dos principais motivos de seu cinema, geralmente em histórias autobiográficas. Seu estilo conjuga precisão e elegância.
Isso fica claro no belo "Tristeza e Alegria", seu mais recente trabalho. É um filme invernal que começa com uma tragédia: o diretor de cinema Johannes (Jakob Cedergren) chega em casa e descobre que sua esposa Signe (Helle Fagralid) matou a pequenina filha do casal.
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Cena do filme "Tristeza e Alegria", de Nils Malmros |
O que iremos acompanhar, então, é a história do relacionamento entre Johannes e Signe, contada por Johannes para um terapeuta, e a luta pela superação da tragédia, enquanto Signe está internada num hospital psiquiátrico.
Johannes dirige filmes sobre adolescentes, parecidos com os que o próprio Malmros dirigiu. No momento da crise aguda de Signe, ele finalizava um longa sobre um pai que tem paixão reprimida pela filha de 16 anos.
A cena em que Signe toma consciência do tipo de olhar que o diretor, seu marido, reserva à jovem atriz é a comprovação de que Malmros não é um cineasta qualquer.