Folha de S. Paulo


Com Jake Gyllenhaal, 'Everest' chega como uma avalanche a Veneza

Uma avalanche irrompeu no Lido, a comprida e estreita ilha italiana que sedia a 72ª edição do Festival de Cinema de Veneza. Foi com baque de blockbuster que o filme-catástrofe "Everest", dirigido pelo islandês Baltasar Kormákur ("Dose Dupla"), abriu a programação da mostra cinematográfica mais longeva do planeta, nesta quarta (2).

É a terceira vez consecutiva que uma produção, digamos, extravagante, faz sua estreia mundial, inaugurando o festival. Em 2013, foi "Gravidade", de Alfonso Cuarón; no ano seguinte, "Birdman", de Alejandro González Iñárritu. Os dois cineastas mexicanos, aliás, viriam a ganhar o Oscar de melhor direção por esses longas; o último levou também a estatueta de melhor filme.

Se a tendência permanecer, "Everest" é um forte candidato a receber, ao menos, indicações nas categorias técnicas do prêmio americano: foi exibido em 3D na sessão voltada à imprensa e deve ser lançado primeiramente nesse formato no mercado americano, onde estreia no próximo dia 18.

Coprodução entre EUA, Reino Unido e Islândia, o longa escala um vasto elenco hollywoodiano (Jake Gyllenhaal, Josh Brolin, Keira Knightley, Robin Wright, Sam Worthington e Jason Clarke) numa trama sobre duas expedições atingidas por uma tempestade de gelo na montanha mais alta do mundo. A história é baseada num caso real ocorrido em 1996.

Um outro tipo de avalanche também causou a passagem de Gyllenhaal pelo tapete vermelho. Presente à sessão de abertura do filme, ele foi recebido aos berros de "Jake! Jake! Jake!" dos fãs que se acotovelavam na grade para ver o ator passar.

Fora da mostra competitiva do festival, "Everest" ecoa um traço marcante do line-up desta edição do festival, tanto na competição quanto fora dela: produções bancadas com dinheiro americano e inspiradas em histórias verídicas.

É o caso, por exemplo, de "Spotlight", de Tom McCarthy, sobre a cobertura feita pelo jornal "Boston Globe" de um escândalo sexual envolvendo membros da Igreja Católica; de "A Garota Dinamarquesa", de Tom Hooper, sobre a primeira transexual a passar por uma cirurgia de mudança de sexo; e de "Aliança do Crime", de Scott Cooper, sobre um gângster que se alia ao FBI para desbaratar uma família mafiosa rival.

O próprio diretor do Festival de Veneza, Alberto Barbera, notou a profusão dos dramas reais na programação. "Não creio que seja por crise de criatividade", disse aos jornalistas, em conferência de imprensa. "Acho que os diretores estão sentindo uma necessidade de ecoar um mundo sobre o qual todos sentimos que perdemos controle."

Barbera também aproveitou para anunciar uma homenagem ao diretor americano Wes Craven, que morreu no domingo (30), aos 76, vítima de um tumor cerebral.

O cineasta foi responsável por reformular o gênero do terror ao criar duas franquias bem-sucedidas –os filmes de Freddy Krueger, nos anos 80, e a saga "Pânico", na década seguinte. Para homenageá-lo, o festival programou uma sessão especial, à meia-noite, de "A Hora do Pesadelo" (1984), que marca a primeira aparição de Krueger nos cinemas.


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