Folha de S. Paulo


Irã rejeita concerto de orquestra alemã regida por maestro israelense

À frente da Orquestra Estatal de Berlim, o maestro argentino de ascendência israelense Daniel Barenboim negociava levar uma das principais orquestras da Alemanha para um concerto em Teerã, capital do Irã. Seria a primeira vez que uma sinfônica ocidental se apresentaria no país.

Os planos, porém, não foram bem aceitos pelo Irã. Nesta sexta (28), o ministro da Cultura iraniano afirmou que o país não receberá a orquestra. "O Irã não reconhece o regime sionista [Israel] e não vai cooperar com artistas desse regime", afirmou o órgão, segundo o jornal israelense "Haaretz".

A empreitada havia sido confirmada na quinta (27) pelo regente, que contava com o apoio do Ministério das Relações Exteriores alemão. A pasta dizia estar disposta a endossar a "dedicação de Barenboim em tornar a música acessível para todas as pessoas, independente das fronteiras de nacionalidade, religião e etnia".

David Fernández/Efe
ACOMPAÑA CRÓNICA:DANIEL BARENBOIM BAS001. BUENOS AIRES (ARGENTINA) 07/08/2015.- Fotografía del 6 de agosto de 2015 del director de orquesta argentino Daniel Barenboim en la catedral de Buenos Aires. Con una serie de conciertos al frente de la orquesta West-Eastern Divan, el reconocido director argentino Daniel Barenboim vuelve a apostar en Buenos Aires por la música como instrumento para la paz, la convivencia y el diálogo entre las religiones.
O maestro Daniel Barenboim em concerto em Buenos Aires, em agosto de 2015

O concerto também não repercutiu positivamente em Israel. Mini Regev, ministra da cultura israelense, afirmou que enviaria uma carta de repúdio à chanceler Angela Merkel, pedindo que ela cancelasse a apresentação.

Na quarta (26), Regev escreveu em sua página no Facebook que a ida de Barenboim ao Irã ameaça os esforços israelenses de prevenir um acordo nuclear e "deslegitima Israel".

Daniel Barenboim recebeu cidadania palestina honorária. O maestro é reconhecido por ter criado uma orquestra em 1999 que reúne jovens músicos de Israel, Egito, Jordânia, Irã, Líbano e Palestinos. Também ficou famoso por seus esforços em realizar uma performance com peças de Wagner, compositor alemão adorado por Hitler, no Estado judeu.


Endereço da página: