Folha de S. Paulo


'Capitolina', revista feminista on-line para adolescentes, vira livro

A revista feminista on-line para adolescentes "Capitolina" lança, nesta semana, sua primeira versão impressa, pela Seguinte, selo jovem da Companhia das Letras.

"Desde o começo a gente pensava em fazer uma edição em papel quando fizesse um ano", conta Sofia Soter, 24, que, junto com Clara Browne, 20, e Lorena Piñeiro, 26, edita a publicação, criada no começo de 2014.

Assim, quando começaram a aparecer propostas de editoras, logo após o primeiro aniversário da revista –cujo site já contava com cerca de 3.000 acessos diários e mais de 12 mil curtidas no Facebook (hoje, o número praticamente dobrou: são 23,4 mil)–, a decisão de publicar o livro "Capitolina: o Poder das Garotas" foi consenso entre as então 74 colaboradoras, segundo Sofia.

Uma das limitações que o formato oferece, no entanto, é o de quantidade de textos que podem ser publicados. "Temos dois textos por dia há 17 meses, seria impossível entrarem todos", explica a editora. Ficou acordado, então, que o livro seria dividido pelos temas que nortearam as 12 primeiras "edições" on-line, como medo, magia e família, e traria um texto já publicado on-line e outro inédito, sobre o mesmo assunto.

E se, na escrita, as colaboradoras abordam questões pesadas, ou até mesmo tidas como adultas, como a automutilação, a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual ou as ideias do educador Paulo Freire (1921-1997), no visual o livro lembra mais as publicações adolescentes tradicionais, com bastante rosa e páginas "interativas", com instruções para que as leitoras escrevam ou desenhem.

As ilustrações, algumas também inéditas, são todas feitas por "capitolinas".

"A leitura é uma atividade menos comunitária que a internet, mas queríamos que tivesse um ar de participação", diz Sofia. "Mesmo que esse retorno não chegue para a gente, ele cria uma relação maior da leitora com o livro."

O lançamento carioca de "Capitolina: o Poder das Garotas" será na Bienal do Livro, nos dias 6 e 12 de setembro, às 18h30, com a presença de "capitolinas" de várias partes do Brasil (embora concentradas no Rio e em São Paulo, onde vivem as três editoras, todas cariocas, a revista conta com a participação de meninas do Rio Grande do Sul ao Amapá). Ainda não há data para o lançamento paulistano

PROFISSIONALIZAÇÃO

Enquanto isso, a parte on-line da publicação passa por uma espécie de profissionalização. O site da revista, sua principal plataforma, estreia versão repaginada em setembro. Além de uma reformulação visual, feita com a ajuda de um crowdfunding, ganhará sete colunas semanais: esporte, música, literatura, esportes, quadrinhos, ciência e saúde.

Para isso, o número de colaboradoras cresceu e passou a beirar os cem, todas com idades entre 17 e 29 anos, e cada vez mais especializadas em suas áreas —se antes as meninas se ofereciam para participar da publicação, dessa vez houve uma busca por profissionais e estudantes da área de saúde, por exemplo.

"A gente não queria ninguém que não fosse da área, porque seria uma decisão irresponsável", explica Sofia. "Então agora temos mais gente de 20 e bastante, porque é difícil pegar uma adolescente para falar disso."

Escreverão estudantes e formadas em psicologia, medicina e enfermagem, entre outros cursos. "Vamos tratar de temas como a saúde da mulher negra, saúde mental e o SUS", diz Mariana Fonseca, 23, estudante do décimo semestre de medicina da UFRJ e coordenadora da seção.

Outras novidades, como vlogs e até um podcast também devem introduzidos aos poucos.

CAPITOLINA: O PODER DAS GAROTAS
AUTORA várias
EDITORA Companhia das Letras
QUANTO R$ 39,90 (192 págs.)


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