Folha de S. Paulo


'Quero trabalhar no programa', diz apresentador que processa 'É de Casa'

Fabrício Fabre, o apresentador de TV que entrou com uma ação contra a Globo alegando ter criado o formato do programa de variedades "É de Casa", está disposto a entrar em um acordo que não carece de indenização.

"O meu objetivo é oportunidade de trabalho. Se me convidassem para fazer um trabalho bacana, bem remunerado, eu toparia", disse Fabre, que por dez anos trabalhou em uma TV afiliada à Record no Espírito Santo.

Divulgação
O apresentador Fabrício Fabre, que processa o programa 'É de Casa
O apresentador Fabrício Fabre, que processa o programa 'É de Casa'

O processo, aberto na 10ª Vara Cível do Rio, a que a Folha teve acesso, argumenta haver supostas similaridades entre o programa que a Globo estreou há duas semanas e um evento que Fabre organizou três anos atrás, o "Casa + Família".

Por dez dias, uma casa de vidro erguida dentro de um shopping center de Vitória oferecia aulas de culinária, de prendas domésticas e de automobilismo. O evento não foi televisionado, mas originou vídeos que ficaram disponíveis na internet.

O novo programa da Globo mostra dicas de moda, de gastronomia, de espiritualidade e comentários sobre notícias da semana em uma casa que não é cênica, o cenário foi construído de alvenaria e em tamanho real. Apresentam a atração: Ana Furtado, André Marques, Cissa Guimarães, Patrícia Poeta, Tiago Leifert e Zeca Camargo.

"É a mesma lógica de programa, com a casa e a família como centro", diz Fabre, que requereu a suspensão de "É de Casa" com uma medida cautelar, pedido que pode ser feito à Justiça quando alguém pensa que um direito fundamental está na iminência de ser lesado (no caso, a propriedade intelectual).

O apresentador afirmou não ter registrado o formato de programa na Biblioteca Nacional, que centraliza as ideias de livros, músicas e programas.

O advogado que o representa, Sandro Rizzato, afirmou que o caminho jurídico era uma maneira de abrir o diálogo com a emissora. "Imagino que deva chegar um milhão de cartas para a Globo, SBT e demais emissoras dizendo 'Sou o dono desse formato'. [O processo] Vai acelerar a situação de conversa. Se não houver essa conversa, é o caso de indenização".

A Globo afirma ainda não ter sido notificada do processo.

Abaixo, leia trechos da entrevista.

Você tem registros de que tinha uma ideia de programa televisivo similar?
Ele está todo registrado no cartório.

O formato foi registrado na Biblioteca Nacional, que mantém o registro de ideias para programas?
Não foi registrado na Biblioteca Nacional. Eu tenho milhões de documentos. Tinha uma assessoria de imprensa, está tudo registrado. Todo o formato está registrado.

Como espera que seja o desenrolar do processo?
Minha intenção é compor um acordo. Eu não quero briga. Não tenho interesse nenhum. A Globo é uma emissora que tem uma credibilidade muito grande. Não quero gerar polêmica nem aparecer. Quero ter reconhecimento.
O meu objetivo é oportunidade de trabalho. Se me convidassem para fazer um trabalho bacana, bem remunerado, eu toparia.

Você toparia trabalhar no "É de Casa", então?
Toparia.

Alguém questionou se as outras emissoras para quem você trabalhou têm envolvimento no processo?
Eu não tenho vínculo empregatício com nenhum emissora. Não tem Record no meio.

Quais são os pontos de similaridade entre o "É de Casa" e seu projeto?
Não tem alguns pontos de similaridade. São todos. O elemento principal do próprio programa é a casa, e as pessoas lá são secundárias. No meu formato tinha uma garagem em que se anunciava um veículo, exatamente como é na Globo. É claro que a Globo fez algumas alterações para poder colocar no seu formato.

Veja, abaixo, vídeos do programa de Fabre

Casa Mais Família - Parte 1

Casa Mais Família - Parte 2


Endereço da página:

Links no texto: