Folha de S. Paulo


Obras de Guignard e Milton Dacosta podem bater recordes em leilão

Duas obras que vão a leilão nesta quinta na Bolsa de Arte, em São Paulo, podem se tornar as peças mais caras já arrematadas em venda pública para os artistas Alberto da Veiga Guignard e Milton Dacosta. "Vaso de Flores", trabalho de 1930 de Guignard, tem lance inicial de R$ 4 milhões, podendo atingir até R$ 6 milhões, enquanto a tela de Dacosta, "Construção sobre Fundo Negro", de 1956, será ofertada por R$ 4,5 milhões, com a possibilidade de chegar a R$ 5,5 milhões.

Um dos mestres do modernismo brasileiro, famoso por suas paisagens enevoadas de Minas Gerais, Guignard é um artista em alta no mercado, em especial com uma retrospectiva dedicada à sua obra agora em cartaz no Museu de Arte Moderna paulistano. Suas naturezas-mortas, em especial os vasos floridos, são as peças mais cobiçadas pelos colecionadores. Uma tela semelhante à que será vendida agora foi arrematada na Christie's, em Nova York, por US$ 761,5 mil, ou R$ 2,6 milhões, há 16 anos.

Rutkauska/Divulgação
'Vaso de Flores', obra de Alberto da Veiga Guignard de 1930 que está em leilão na Bolsa de Arte
'Vaso de Flores', obra de Alberto da Veiga Guignard de 1930 que está em leilão na Bolsa de Arte

No caso de Dacosta, um dos maiores nomes do construtivismo no país, uma tela desse calibre, do fim dos anos 1950, ou seja, do auge dessa vanguarda no país, não costuma aparecer em leilões. Sua peça mais cara já ofertada em venda pública foi arrematada no ano passado por R$ 494 mil em São Paulo. Caso "Construção sobre Fundo Negro" encontre um comprador nesta noite, seu recorde máximo será atingido.

"Esses são dois exemplares importantes da arte brasileira, que poderiam estar em qualquer museu", observa Jones Bergamin, dono da Bolsa de Arte, uma das maiores casas de leilões do país. "Há colecionadores atrás de quadros como esses há dez anos. Isso será um teste para ver se o mercado responde mesmo às obras-primas."

Divulgação
Obra de Milton Dacosta que vai a leilão na Bolsa de Arte, em São Paulo
Obra de Milton Dacosta que vai a leilão na Bolsa de Arte, em São Paulo

No caso, a crise econômica que já afeta o mundo da arte pode afastar colecionadores. Na opinião de Bergamin, em tempos fora da crise, essas telas de Guignard e Dacosta poderiam chegar sem dificuldade ao patamar dos R$ 8 milhões. Mas se "Vaso de Flores", a tela mais disputada da noite, chegar aos R$ 6 milhões previstos, já terá batido o recorde de obra mais cara já vendida em leilão no país, desancando "Superfície Modulada nº4" de Lygia Clark, arrematada há dois anos por R$ 5,3 milhões.


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