Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Peri Pane lança segundo CD e promove noite de música e poesia

Peri Pane é figura conhecida na cena independente paulistana. Colabora com muita gente, mesmo que não encontre uma similaridade sonora com seus amigos.

"Não é realmente uma cena musical. Acho que a palavra melhor para definir é 'irmandade'. Na verdade, a gente se ajuda, tocando aqui e ali, emprestando equipamento", conta Peri.

Um exemplo é seu segundo disco, "Canções Velhas para Embrulhar Peixes Volume 2", que foi produzido por Marcelo Dworecki e Cris Scabello, da banda Bixiga 70.

O show de lançamento é nesta quinta (13), no Centro Cultural São Paulo. Dworecki estará no palco, tocando violão e cavaquinho, junto com Otávio Ortega, que toca acordeom e piano, e arrudA, que fará intervenções poéticas.

Peri e arrudA se conheceram em 2006, numa viagem de carro à Bahia. O poeta era amigo da namorada do cantor e foi dirigindo o carro.

Na Chapada Diamantina, a dupla logo fez a primeira parceira, "Cada Qual no seu Qual", um sambinha inspirado no guia das caminhadas. O rapaz sempre pedia a cada um que andasse no ritmo próprio, que aguentasse. "E a gente nunca gravou essa."

Peri pega os poemas do amigo para colocar música e quase nunca muda nada. "São versos curtos, a poesia dele já tem uma métrica musical, encaixa facilmente."

As letras das músicas que abrem e fecham o disco, "O Tempo É Onde" e "Assim Me Acende", foram tiradas do livro lançado por arrudA, "A Representação Matemática das Nuvens" (editora Patuá).

O primeiro álbum, de 2012, traz canções feitas desde 2008. Peri estava na banda Degrau e achava que elas não cabiam no formato rock and roll. Para o novo álbum, gravou algumas também bem antigas.

Peri Pane faz uma mistura de música e poesia um tanto inclassificável. Nem rock nem MPB. Mas é pop, e ele quer fazer mais shows para provar isso.

VOLUME DOIS

"Canções Velhas para Embrulhar Peixes Volume 2" é um título que se encaixa muito bem no segundo trabalho de Peri Pane.

Quem conhece o disco de estreia do cantor vai apreciar este como um autêntico "volume dois". Com os mesmos colaboradores que o acompanharam antes, ele se dedica a apurar o formato bem peculiar que persegue.

Em uma formação pequena, ainda causa estranheza um instrumento de som encorpado como o acordeom, tocado por Otávio Ortega. Os instrumentos de cordas do próprio cantor e de Marcelo Dworecki têm de enfrentar ou conversar com o instrumento mais forte. Isso está virando uma marca para Peri Pane.

O poeta arrudA, parceiro constante, comparece com seus versos curtos, que recebem uma instrumentalização minimalista, que parece deixar as sílabas darem sozinhas o andamento da canção. Quase uma pulsação.

Quando compõe sozinho, Peri Pane vai da angústia ao humor. Neste álbum, em canções com certa fixação no corpo humano, como "Ponte de Safena" e "Escápula". Em outra só dele, "O Sapo e o Poeta", relaciona o próprio coração com o do anfíbio aberto numa aula de ciências.

PERI PANE
QUANDO: QUINTA (13), ÀS 20H30
ONDE: PERI PANE QUANDO QUINTA (13), ÀS 20H30 ONDE CENTRO CULTURAL SÃO PAULO, R. VERGUEIRO, 1.000, TEL. (11) 3397-4002
QUANTO: GRÁTIS

CANÇÕES VELHAS PARA EMBRULHAR PEIXES VOLUME 2
ARTISTA: PERI PANE
GRAVADORA: LANÇAMENTO INDEPENDENTE
QUANTO: R$ 30 (NOS SHOWS OU EM FACEBOOK.COM/CANCOESVELHAS)


Endereço da página:

Links no texto: