Quando o diretor Diego Gonzalez mergulhou na obra do cineasta Glauber Rocha (1939-1981), percebeu ali não só um viés político, mas também um trabalho muito poético. "Muitos não gostam de dizer, mas Glauber é muito teatral", diz.
Das manifestações de junho de 2013, viu reverberar o filme "Terra em Transe" (1967), clássico do cineasta, e como "Glauber e seu discurso estavam muito atuais".
Decidiu, junto com dua Cia. Bará, adaptar o longa-metragem para o teatro, em versão que poderá ser vista a partir desta terça (4) em São Paulo.
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| Cena da peça "Terra em Transe", adaptação teatral da Cia. Bará para o filme de Glauber Rocha |
A história do filme está lá: em um país tropical fictício, um poeta anarquista se vê em uma encruzilhada ideológica, imerso numa disputa de poderes entre um político populista e um antigo amigo -um senador fascista que pretende promover um golpe de Estado e instaurar uma ditadura moralista.
Mas, para transpor a trama para o palco, que não conta com os cortes e as transições do cinema, o grupo decidiu investir na fisicalidade dos atores. "A gente utiliza música, dança e alguns trabalhos de performance para explicar algumas coisas e amarrar as cenas", explica Gonzalez.
O cenário é simples. Consiste de uma escada (sobre a qual ficam os "políticos poderosos") e de projeções do filme original e das recentes manifestações no país.
Depois de "Terra em Transe", o grupo pretende completar a chamada Trilogia da Terra, de Glauber, e adaptar também os filmes "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964) e "A Idade da Terra" (1980).
TERRA EM TRANSE
QUANDO ter., às 20h; até 29/9
ONDE Sede da Luz do Faroeste, r. do Triunfo, 301, tel. (11) 3362-8883
QUANTO contribuição voluntária
CLASSIFICAÇÃO 16 anos