Folha de S. Paulo


crítica

'Sobrenatural: A Origem' não passa de comédia involuntária

"Sobrenatural: A Origem" parece dois filmes distintos –ambos equivocados. Em seus dois primeiros terços, tenta ser um horror, mas resulta em comédia involuntária. No terço final, passa a ser uma comédia deliberada, mas o resultado é um horror.

A mudança de tom é tão primária que o filme parece ter sido dirigido por um ginasiano. Mas Leigh Wannell está longe de ser novato "" embora seja um estreante na direção.

O australiano foi criador, roteirista e ator na série "Jogos Mortais" e nos dois primeiros capítulos de "Sobrenatural" –dirigidos por seu parceiro James Wan.

"Sobrenatural: A Origem" é uma "prequel" e, portanto, mostra eventos ocorridos antes dos episódios já lançados.

Na trama, a adolescente Quinn Brenner (Stefanie Scott) sente que sua mãe morta está tentando contatá-la e pede a ajuda da médium Elise (Lyn Shaye, uma boa atriz aqui desperdiçada). Mas, por conta de uma tragédia passada, Elise se recusa a continuar sua atividade paranormal.

Quando a vida de Quinn passa a ser seriamente ameaçada por um espírito maligno, seu pai, Sean (Dermott Mulroney, ex-galã em trajetória descendente na carreira), procura novamente Elise. E, dessa vez, a médium decide encarar os fantasmas.

Para ajudá-la na missão, surgem os desastrados parapsicólogos amadores Tucker (Angus Sampson) e Specs (o diretor Leigh Whannell).

Até a entrada em cena da dupla, "Sobrenatural: A Origem" é um filme de terror banal, baseado em sustos com aparições repentinas de espíritos, acompanhadas de barulhos igualmente repentinos. Uma espécie de "Trem Fantasma" de parquinho de diversões em forma de cinema.

Divulgação
Cena do filme
Cena do filme "Sobrenatural: A Origem"

Depois que Tucker e Specs aparecem, o filme se torna um "Caça-Fantasmas" sem graça e sem propósito. A única explicação possível para essa mudança brusca de tom é fazer o link para os filmes anteriores da série, já que Elise, Tucker e Specs estão neles.

No Brasil, filmes mediúnicos têm sempre chance de sucesso, dada a tradição espírita do país. Mas é preciso avisar que aos interessados que "Sobrenatural: A Origem" não acrescenta nada ao tema além de um punhado de sustos.

SOBRENATURAL: A ORIGEM
DIREÇÃO: LEIGH WHANNELL
ELENCO: STEFANIE SCOTT, LYN SHAYE E DERMOTT MULRONEY
PRODUÇÃO: EUA, 2015, 14 ANOS
QUANDO: EM CARTAZ


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