Folha de S. Paulo


Espetáculo privilegia dança tradicional da Índia sem Bollywood

A bailarina Sonia Galvão começou a montar "Mangalam - Nos Passos do Guru" pensando em um espetáculo caseiro para a escola de ioga onde dá aula. "Está difícil fazer qualquer coisa, imagine dança indiana, que ainda é pouco conhecida no Brasil".

Seu objetivo foi apresentar o espetáculo, que saiu de casa para estrear nesta sexta (31) na Funarte-SP, na data em que é celebrado o festival Guru Purnima –homenagem de origem hindu aos mestres (artísticos ou espirituais).

Convocou nas redes sociais bailarinos das oito técnicas da dança clássica indiana para audições. Só achou que "não cabia dança folclórica e Bollywood" –referência aos musicais da Hollywood do país.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
O ensaio do espetáculo Mangalama, de dança indiana, que será apresentado na Funarte
O ensaio do espetáculo Mangalama, de dança indiana, que será apresentado na Funarte

O elenco resultou numa reunião dos estilos odissi, bharatanatyam, mohiniyattam e kuchipudi, com pinceladas de kathak e, nas ligações entre as coreografias, de dança moderna, conta Sonia –que iniciou seus estudos no balé clássico, passou pelo jazz pelas mãos de Lennie Dale, trabalhou com companhias modernas no Brasil e nos EUA e descobriu a dança indiana na escola de Ivaldo Bertazzo.

Formada em odissi na Índia pela bailarina Madhavi Mudgal, ela diz que cada estilo tem sua particularidade, com características em comum.

"Todas têm pé no chão (nada de pontas), os bailarinos usam guizos nos tornozelos e pintam de vermelho os dedos dos pés e das mãos. E sempre têm a dança abstrata e a narrativa, na qual usam expressões faciais e gestual de mãos para contar uma história sobre os deuses, o amor etc."

Para a montagem apresentada nos "dias do Guru, da grande Lua cheia", ela também coreografou um poema clássico indiano sobre a arte de contar histórias com o corpo ("Aonde vão as mãos...").

"Mangalam", que significa auspicioso e abençoado, faz parte da festa de abertura da ocupação de dança e música "Inquietos" –com espetáculos, oficinas e danças coletivas até setembro na Funarte-SP.

As atividades seguem até domingo, com o objetivo de divulgar a ocupação e fazer uma confraternização entre alunos e professores.

Além das apresentações de dança indiana, o fim de semana terá, no sábado (1º), sambada de cavalo-marinho (das 14h às 18h) e roda de tambor de crioula (das 18h às 20h).

No domingo (2), às 16h30, um cortejo de maracatu ocupa as ruas do bairro de Campos Elíseos, no entorno da Funarte. No mesmo dia será exibido, às 12h, o documentário "Sete Dias em Brukina", de Carlinhos Antunes. Às 17h30, o grupo de música Mutrib se apresenta com a professora de dança Betty Gervitz, que comanda uma roda de danças dos Bálcãs aberta ao público. Todas estas atividades são gratuitas.

MANGALAM
QUANDO sex. (31) e sáb. (1º), às 20h
ONDE Funarte-SP, al. Nothman, 1.058, tel. (11) 3662-5177
QUANTO R$ 20


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