Folha de S. Paulo


Obra revolucionária de Nagisa Oshima é revista em ciclo no CCBB

O nome do cineasta japonês Nagisa Oshima passou a ser reconhecido fora do círculo de iniciados com a repercussão do filme-escândalo "O Império dos Sentidos" (1976).

Àquela altura, Oshima já estava havia quase duas décadas construindo uma obra revolucionária, que em parte pode ser conhecida e reavaliada no ciclo que o CCBB exibe a partir desta quarta (29).

Os 12 títulos selecionados cobrem três fases do cineasta: a dos jovens rebeldes no final dos anos 1950, a da experimentação narrativa da década de 1960 e a dos filmes mais clássicos e internacionalizados a partir de 1976.

Divulgação
Cena do filme 'O império dos sentidos' de Nagisa Oshima
Cena do filme 'O império dos sentidos' de Nagisa Oshima

A estreia de Oshima como diretor, em 1959, seguiu o modelo estratificado dos estúdios japoneses. Depois de cumprir o ritual subalterno em funções de assistente, ele, aos 27 anos, passou à direção quando seus patrões no estúdio Shochiku decidiram investir num gênero de filmes feito para e por jovens.

"Uma Cidade de Amor e Esperança" (1959), "O Túmulo do Sol" (1960) e "Juventude Desenfreada" (1960) mostram, de maneira nada positiva, jovens amorais, movidos por pequenos crimes. Apesar de replicarem a turbulência geracional propagada pelo cinema americano da época, os protagonistas de Oshima apontam claramente para distúrbios mais sociais que individuais ou transitórios.

Eles também anunciam a violência como o tema central da obra de Oshima, que a aponta como o fundamento tanto das relações sociais como das relações sexuais.

O sexo e o dinheiro como as formas mais comuns de submissão, as manifestações arcaicas escondidas sob a máscara do Japão moderno, o suicídio ou a autodestruição como reações ao absurdo são questões que Oshima encenou de maneira renovada a cada filme.

A inquietação formal sempre relacionada à provocação política serviram para confirmar a posição dele à frente do movimento de rebelião cinematográfica denominado nouvelle vague japonesa.

Por fim, a mostra é uma oportunidade rara de reavaliar a radicalidade de "O Império dos Sentidos". Trata-se de um filme de amor para acabar com todos os filmes de amor, cujas imagens consideradas pornográficas dizem mais sobre o sexo do que toda a pornografia hoje na internet ao alcance de todos.

NAGISA OSHIMA
QUANDO de 29/7 a 10/8
ONDE CCBB, r. Álvares Penteado, 112, tel. (11) 3113-3651
QUANTO R$ 4
CLASSIFICAÇÃO 18 anos


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