Folha de S. Paulo


'Pixels' resgata personagens de games clássicos da década de 80

Pac-Man está à solta pelas ruas de Nova York. Insetos gigantes do jogo "Galaga" atacam uma base militar na ilha de Guam, no Oceano Pacífico. Peças de Tetris fazem desmoronar prédios inteiros. Na Índia, o Taj Mahal é derrubado por plataformas de Arkanoid.

Até parecem fases de videogames, mas são na verdade cenas de "Pixels", que chega aos cinemas nesta quinta (23). Na história, inspirada por um curta-metragem francês, jogos clássicos dos anos 1980 são trazidos à vida por aliens para destruir a Terra.

Adam Sandler é Sam Brenner, instalador de eletrodomésticos que teve seus dias de glória quando jovem, como gênio dos fliperamas. Com a ajuda dos amigos de infância, torna-se a única esperança de salvação para a humanidade.

Apostando numa trilha sonora da época, com sucessos de bandas como Queen e Tears for Fears, o filme apela para a nostalgia.

O longa ainda tem participações curiosas, como a do ator Dan Aykroyd, presença constante nos filmes da década (entre eles "Os Caça-Fantasmas"), e do japonês Toru Iwatani, que criou o Pac-Man (no Brasil também conhecido como "come-come") em 1980.

Segundo o pesquisador de videogames e designer gráfico Alan da Luz, 43, "Pixels" aponta para uma tendência importante. Seus heróis fazem parte da cultura dos retrogamers –jogadores de games antigos –, movimento que tem ganhado adeptos.

"Quem era criança e jogava videogames na década de 1970 hoje tem entre 40 e 50 anos e dinheiro para ir atrás de um console antigo. Esse mercado amadureceu porque a gente amadureceu", diz Luz, que também é colecionador e professor universitário especialista na história dos games.

RETROGAMERS

Na segunda (20), o Dia do Amigo, a restauradora Samantha Bittencourt, 27, recebeu dos colegas uma tatuagem no braço em homenagem à paixão por jogos –a palavra "gamer" e um controle. "Eles sabem que meu amor por videogames é algo além da matéria."

Apesar da empolgação, Bittencourt, dona de uma coleção de 63 consoles que reúne desde a adolescência, diz que o universo dos gamers ainda é bastante machista. "Acredito que já foi pior. Eu e outras meninas lutamos todos os dias para melhorar as coisas."

Já o chef de cozinha Sérgio Pollice, 36, começou a colecionar jogos antigos há um ano e meio. Pai de dois filhos pequenos, é o único da família que se interessa pelo hobby.

"Quando eu era criança, custava muito caro ter essas coisas. Agora que sou adulto, estou resgatando o que não tive na infância", conta.

Segundo Pollice, a procura tem feito aumentar os preços de games antigos. Ainda assim, ele não desiste de expandir o acervo. "Vou continuar comprando. Quando você pega amor, tem que continuar."

Veja um infográfico com curiosidades sobre os videogames retratados em 'Pixels'

Infográfico Personagens do filme Pixels


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