Folha de S. Paulo


À frente de 'A Fazenda', Roberto Justus condena 'baixarias' de outras edições

"Eu deveria ter vindo de jeans, é mais informal", diz Roberto Justus, 60, vestindo calça de lã fria, enquanto posa para a foto que ilustra esta página. O showman corporativo quer sair da firma. Ao menos figurativamente.

Um dos maiores publicitários do país, que fez carreira na TV na última década com um programa que imitava uma empresa, Justus estará à frente da oitava temporada de "A Fazenda", reality show da Record em que uma dúzia de pessoas com alguma notoriedade fica isolada numa estância de Itu (SP), cuidando de vacas, porcos e lhama.

Fabio Braga/Folhapress
O empresário Roberto Justus, 60, sera o novo apresentador de
O empresário Roberto Justus, 60, sera o novo apresentador de "A Fazenda", da Record.

E às vezes agindo como bichos do campo: na sexta edição, a modelo Andressa Urach cuspiu seguidamente na cara do modelo Mateus Verdelho. A cena foi explorada a fundo pela edição.

Mas a edição que estreia em setembro virá livre de mundo cão, promete Justus, do alto do seu 1,91 m. Recém-chegado de Miami, ele conversou com a Folha em uma de suas seis agências de publicidade. Ao ver um funcionário do comercial, soltou: "Vamos vender 'A Fazenda'!".

Folha - Assistia ao programa?

Roberto Justus - Só de espectador. Assisti a alguns, mas confesso que não assiduamente. Se imaginasse que um dia fosse apresentar, olharia com outros olhos. Vou assistir à última temporada.

Já conhece os cotados para participar, como Fernanda Lacerda, a Mendigata, ou Inês Brasil, uma obcecada por participar do "BBB"?

Ainda não. Prometeram me contar na primeira reunião quem são os confirmados, contanto que eu não conte nem pra minha mulher.

Você gravará ao vivo pelo menos três noites na semana. Como ficam as empresas?

Eu não estou no dia a dia. Se estivesse, estaria morto. Tenho os presidentes de cada empresa, que operam. Quando optei pela televisão, decidi isso. Se ainda me comprometesse a vir todos os dias, estaria sendo desonesto com os clientes e com o negócio.

Você não decide quem sai do novo programa. É duro?

Eu não tenho esse fanatismo pelo poder, cara, juro por Deus. Já é uma satisfação suficiente para o ego estar apresentando o programa. Por mais que as pessoas não acreditem, eu sou muito humilde com as coisas que não conheço. No momento, sou mais ouvidos do que boca.

O que acha do episódio da troca de cusparadas?

O programa que descamba demais para a baixaria... O apresentador tem de sentir o pulso e não deixar cair. Não é audiência a qualquer custo. Aqui é um programa em que os seres humanos estão tendo um embate interessante, mas tudo tem limite. Eu não gosto de cusparada [como já houve entre participantes].

Quem dita esse bom senso?

Não é o apresentador. Mas vai ter certos momentos da discussão em que você consegue interferir. Acho até que minha presença lá vai gerar respeito. Não que o Britto Jr. não tivesse, ele é um ótimo jornalista. Gosto muito dele.

Como vai ser seu figurino?

Eu não posso mudar 100%. Eu sei ser despojado do meu jeito, botar um jeans. Não tem mais blazer, terno e gravata morreram. Mas não vou estar de chinelo e regata, lavando o carro no domingo.

Ficará em Itu enquanto grava?

Eu tenho uma fazenda muito perto de lá, em Porto Feliz. É minha sorte. Na quinta, por exemplo, termina muito tarde. Posso ficar para o fim de semana.

A contratação envolve seu papel no mercado publicitário?

Isso é uma besteira muito grande. Eu não tenho nenhum pedido formal da Record de trazer anunciantes. Agora, se eu puder apresentar para os clientes do meu grupo um programa que acho que vai dar uma boa audiência, vou. Eu vou até nas reuniões comerciais, como todo apresentador deveria ir.


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