Folha de S. Paulo


'O Pequeno Príncipe' ganha filme ousado em stop-motion

"O Pequeno Príncipe", do francês Antoine de Saint-Exupéry (1900""1944), é um dos livros infantis mais vendidos da história.

Foi adaptado para o cinema em 1974 por Stanley Donen, de "Cantando na Chuva" (1952), e os franceses o elegeram "o livro do século 20".

Tudo isso passou pela cabeça do diretor Mark Osborne ("Kung Fu Panda") quando aceitou criar uma nova animação baseada no livro, destaque do festival Anima Mundi, no Rio e em São Paulo.

"Não senti nada além de pressão desde o início do projeto", diz o diretor americano em Cannes, onde o filme fez sua estreia mundial, em maio.

"Levei nove meses apenas para chegar ao ponto em que notei que poderia dar o passo final e dizer que poderia adaptar a obra sem desonrá-la. Mas também percebi que teria de assumir riscos para criar algo inesperado e novo."

E esses riscos estão na própria origem da adaptação escrita por Osborne e Irena Brignull ("Os Boxtrolls").

"O Pequeno Príncipe" não é uma transposição extremamente fiel, mas é esperta em suas mudanças. A começar pela história no tradicional 3D que serve de moldura para os contos fantasiosos de Saint-Exupéry: uma garotinha (voz de Mackenzie Foy) é treinada pela mãe (Rachel McAdams) para ingressar em uma escola rígida, mas falha em sua prova de fogo.

"Minha intenção era tocar nos temas e nas ideias presentes no livro, mas de uma forma diferente, porque o livro pode ser interpretado de tantas maneiras que é impossível de ser traduzido para o cinema. Tentaram fazer isso nos anos 1970 e não funcionou."

Osborne diz que até considerou mudar o nome do filme, já que os fãs mais radicais podem chiar com as alterações.

"É um filme sobre como um livro pode mudar sua vida e esse é o espírito do original", diz o diretor, que precisou apresentar essas ideias para os representantes do espólio do escritor francês.

"Meu coração estava saindo do peito", recorda-se Osborne. "Pensava como tudo poderia acabar naquele momento caso não gostassem. Mas amaram e entenderam os riscos que eu estava correndo com as mudanças."

Mas "O Pequeno Príncipe" retoma o caminho tradicional quando a garotinha conhece um vizinho (Jeff Bridges), que começa a contar suas histórias do tempo de aviador, inclusive um encontro com um Príncipe Alienígena (Riley Osborne, filho do diretor).

Neste momento, o filme, que deve estrear no Brasil em 20/8, dá um pulo de qualidade, trocando o estilo mais comum das produções da Pixar pelo stop-motion em 2D, baseado nas ilustrações em aquarela de Saint-Exupéry.

"Senti que poderia ser um belo contraste para representar a imaginação da garotinha quando ela olha para os desenhos originais. Ela tenta fazê-los mais reais e por isso entramos na outra técnica. Isso faz os adultos voltarem a ser crianças, assim como o livro."

O PEQUENO PRÍNCIPE (The Little Prince)

Direção Mark Osborne
Produção França, Itália, 2015
Quando dom. (12), 20h, na Cidade das Artes, av. das Américas, 5.300, Rio, tel. (21) 3325-0102; sex. (17), 20h, na Cinemateca, lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, tel. (11) 3512-6111.


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