Folha de S. Paulo


No Fronteiras do Pensamento, John Gray defende perdão da dívida grega

O filósofo inglês John Gray apoia o governo da Grécia e defende que parte da dívida do país seja perdoada, mas não acredita que o projeto da União Europeia vá sobreviver ao processo.

O intelectual britânico defendeu sua posição durante palestra do Fronteiras do Pensamento realizada nesta segunda (6) em São Paulo. A Folha é parceira do evento.

"Se a Alemanha aceitar a redução da dívida [grega], em breve países como Espanha e Portugal também vão querer e o sistema vai implodir", disse ele logo após dizer que apoiou o "não" durante o referendo na Grécia, embora discorde politicamente do Syrisa -Gray é ligado a direita britânica.

"A política de austeridade deixa esses países em um beco sem saída", resumiu ele.

David Levenson/Getty Images
O filósofo John Gray
O filósofo John Gray, que participou do Fronteiras do Pensamento nesta segunda (6)

O filósofo é conhecido por sua crítica ao racionalismo e a utopia, expresso em obras como "Cachorros de Palha: Reflexões sobre Humanos e Outros Animais" (ed. Record, 2005) Para ele, a humanidade não evolui para um mundo melhor, apesar dos avanços tecnológicos. e não haverá uma sociedade melhor criticou

"A tecnologia e o conhecimento avançam, a política e a ética, não", afirmou.

"Eu não acredito que nossa sociedade ocidental pode ser universal", afirmou ao criticar a invasão americana ao Iraque.

Segundo ele, a tentativa de levar a democracia liberal para a região acabou influenciando o surgimento do Estado Islâmico. "O resultado é oposto do que se queria", afirmou ele. "Em geral, o fim do tiranismo acaba levando a anarquia, que é ainda pior", completou.

VIVER JUNTO

Durante a palestra, intitulada "como viver juntoa em liberdade", ele apontou que a principal questão do indivíduo hoje deve ser "como viver bem em um mundo que não vai melhorar". Para ele, o futuro não será melhor que o passado.

Gray acredita que a modernidade nos obrigará a conviver cada vez mais com a diferença "No futuro teremos que viver juntos. Diferentes regimes viverão juntos,. Haverá democracias liberais e não liberais, monarquias e repúblicas", afirmou. "É melhor aceitarmos isso do que reclamarmos", completou.


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