Folha de S. Paulo


Em vídeo que fechou evento, Saviano se desculpa por ausência da Flip

Um vídeo gravado pelo escritor e jornalista italiano Roberto Saviano para explicar sua ausência na Flip foi exibido na Mesa de Cabeceira, a última de domingo (5), quando termina o evento literário.

"Seria uma ocasião belíssima [estar na Flip]", afirmou Saviano, jurado de morte pela máfia italiana. "Infelizmente ocorreu o que sempre acontece na minha vida: dificuldades de organizar a viagem, por causa da segurança."

O autor de "Zero Zero Zero" (Companhia das Letras), livro sobre narcotráfico, comentou o papel do Brasil no tráfico de cocaína, e a "estrutura mafiosa" do poder criminoso no país, citando o jornalista brasileiro Tim Lopes. "As denúncias, as ameaças começam a enlouquecer você. É injusto e doloroso viver assim."

Reprodução
Autorretrato que Roberto Saviano postou em sua conta no Twitter durante viagem ao Reino Unido
Autorretrato que Roberto Saviano postou em sua conta no Twitter durante viagem ao Reino Unido

Saviano despediu-se "sonhando com o céu brasileiro" e disse esperar que suas dificuldades não prejudiquem a possibilidade de vir ao Brasil futuramente. Paulo Werneck, curador da Flip, encerrou a mesa: "Saviano, a gente está com você".

LIVROS NUMA ILHA
Antes do vídeo de Saviano, autores fizeram leitura de seus livros favoritos, aqueles que levariam a uma ilha deserta.

A americana Ayelet Waldman, o irlandês Colm Tóibín, o argentino Diego Vecchio, os brasileiros Carlos Augusto Calil e Marcelino Freire, o queniano Ngugi Wa Thiong'o, a portuguesa Matilde Campilho e o australiano Richard Flannagan escolheram seus livros e autores preferidos. Os eleitos passaram por Virginia Woolf (destacada por Waldman), Flaubert (Vecchio) e Beckett (Matilde Campilho).

Carlos Augusto Calil voltou ao homenageado da Flip, Mário de Andrade, e leu um poema de sua autoria em que ele define o que é ser brasileiro, "O Poeta Come Amendoim" (1924), texto escrito em homenagem a Drummond.

Marcelino Freire homenageou "mulheres guerreiras" e leu um poema de "Sangue Negro", da moçambicana Noêmia de Sousa.

O conto "A Terceira Margem do Rio", do mineiro João Guimarães Rosa, foi lido em inglês por Flannagan. Ele disse que o texto mudou a forma como via a literatura.


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