Na quinta (2), diante do telão da Flip, três amigos reclamavam da qualidade da maconha que compraram "de alguém aí". Apelidaram-na de "beque Saviano", em homenagem ao autor faltoso Roberto Saviano. "Disseram que a onda era boa, mas ela deu o cano na hora 'H'."
Os "alguéns aí" que formam o tráfico de drogas local, segundo a Polícia Militar, são a principal razão para a cidade ser considerada a terceira mais violenta do Rio (62 mortos por 100 mil habitantes, segundo Mapa da Violência do Ministério da Saúde divulgado em 2014).
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Mapa do tráfico em Paraty |
Vizinhos,os bairros Ilha das Cobras (controlado pelo Comando Vermelho) e Mangueira (Terceiro Comando) são considerados os bairros mais perigosos.
"Você chega e vê os postes de vermelho ou preto", diz um PM sobre as cores que identificam as facções rivais.
No fim de 2012, a Polícia Federal apontou 18 suspeitos de dominar o comércio de drogas. Para o subtenente Messias, do batalhão da PM local, as facções já não têm tanto peso assim. "A rixa aqui é mais crianças de colégio que se estranham até hoje."
A escolinha Casa da Árvore Maternal cancelou sua participação na Flip após assaltantes levarem, na quinta, R$ 7.000 e uma televisão.
A camareira Nirce Santos, 50, conta que o marido viu o "filme de terror" que foi o último Carnaval. "Na hora dos blocos, um homem saiu atirando." Saldo: um morto e dez feridos na praça da Matriz.
Em maio, o prefeito, Carlos José Gama Miranda (PT), ganhou uma cicatriz na testa após ser alvejado de raspão por uma bala. "Estamos cobrando da polícia a apuração rigorosa do crime", diz ele.
Mas, segundo a PM, houve queda de 50% nos homicídios de janeiro a maio. O prefeito diz que o município investe em educação para desacelerar o tráfico.
Os vereadores aprovaram a criação do Gabinete de Gestão Integrada em Segurança Pública. O efetivo policial foi triplicado para a Flip, com 120 PMs.