Folha de S. Paulo


CRÍTICA

'Jessabelle' deixa incômoda sensação de déjà-vu

O público-alvo do cinema de horror contemporâneo é formado por adolescentes e jovens adultos, gente para quem "A Bruxa de Blair" (1999) é antigo e que não conhece clássicos como "O Exorcista" (1973) ou "Carrie" (1976). Cada vez mais, os filmes novos se limitam a empilhar referências, copiando filmes anteriores. A falta de imaginação é absoluta.

Veja o caso de "Jessabelle": qualquer um com o mínimo conhecimento da história do cinema de horror pode achar pelo menos meia dúzia de cenas ou situações claramente copiadas de outros filmes. Não há um único elemento novo ou imaginativo.

Divulgação
A atriz Amber Stevens em cena do filme
A atriz Amber Stevens em cena do filme "Jessabelle".

Vamos lá: Jessabelle é uma moça traumatizada pela recente morte do noivo (clichê!), que muda para a velha casa do pai (clichê!) depois de ficar confinada a uma cadeira de rodas (clichê!). A casa é antiga e decrépita (clichê!) e fica num pântano (clichê!). Na casa, Jessabelle começa a ter visões de crianças (clichê!) e acha uma caixa de fitas VHS com gravações de sua mãe (clichê!) em que ela revela um segredo terrível que vai afetar a vida de Jessabelle (clichê!). E por aí vai.

O cinema de horror sempre viveu de arquétipos: a mansão mal-assombrada, os segredos de família escondidos no passado, caixinhas misteriosas que escondem objetos amaldiçoados etc. O negócio é como o cineasta trabalha dentro desses arquétipos para criar algo novo.

Mas "Jessabelle" não tem nada de surpreendente. É um filme preguiçoso, mal escrito e banal, que até causa uns sustos de vez em quando, mas põe o espectador na posição incômoda de perceber que já viu aquilo antes em um filme melhor.

ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e autor do livro "Pavões Misteriosos" (Três Estrelas)

JESSABELLE - O PASSADO NUNCA MORRE
QUANDO: ESTREIA NESTA QUINTA (18)
ELENCO: SARAH SNOOK, MARK WEBBER E JOELLE CARTER
PRODUÇÃO: EUA, 2014, 14 ANOS
DIREÇÃO: KEVIN GREUTERT


Endereço da página: