Folha de S. Paulo


Osesp apresenta obras de Carl Nielsen, compositor 'subestimado' do século 20

Carl Nielsen é um dos mais prestigiados compositores de seu país, a Dinamarca. Tanto que chegou até a estampar a cédula de maior circulação em sua terra natal. Se por lá seu sucesso é garantido, em muitos países é aos poucos que ele vai ganhando reconhecimento.

A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), que já vem realizando uma série dedicada ao compositor, dá vez ao dinamarquês em uma programação com sete récitas e dois programas diferentes, que começa nesta quinta (18).

Nielsen (1865-1931) estará ao lado do alemão Richard Strauss (1864-1949) e do francês Maurice Ravel (1875-1937).

"Os três estão entre os nomes mais importantes do século 20 e os maiores orquestradores modernos, mas raramente são ouvidos assim, um ao lado do outro", diz o diretor artístico da Osesp, Arthur Nestrovski. "Será uma oportunidade para entender melhor os contrastes e semelhanças entre eles."

Nielsen já foi classificado pelo autor do livro "O Resto É Ruído" (Companhia das Letras), Alex Ross, como o compositor mais subestimado do século 20. Diz que, embora o público goste, ainda há músicos que resmungam diante de uma partitura sua.

"O hábito do compositor de escrever notas furiosamente rápidas, e depois passá-las de uma seção para outra, em estilo de revezamento, pode fazer até mesmo um conjunto de virtuoses soar confuso", escreve Ross em um artigo.

Para o dinamarquês Thomas Dausgaard, que vai reger a Osesp, algumas peças são desafiadoras e considera que isso "faz parte da expressão" do autor. "Os músicos ficam encantados e surpresos com a qualidade das obras", diz.

No primeiro programa – de quinta (18) a domingo (21) – estão "As Travessuras de Till Eulenspiegel", de Strauss, o "Concerto Para Piano em Sol Maior", de Ravel (com participação do pianista espanhol Javier Perianes), e a "Sinfonia nº 4, Op.29 - A Inextinguível", de Nielsen.

No segundo, de 26 a 27 de junho, estarão a "Abertura Helios, Op.17", de Nielsen, "Valsas Nobres e Sentimentais", de Ravel, e "Salomé, Op.54: Parte 2", de Strauss, com participação dos cantores Gun-Brit Barkmin (soprano), Denise de Freitas (mezzo soprano) e Stig Andersen (tenor).

Para Dausgaard, Nielsen mostra um olhar esperançoso diante da vida. Um exemplo está na sinfonia nº 4: "No final, uma apoteose abafa o duelo de tímpanos que lembra a guerra", diz o maestro.

"Mesmo quando estamos em lugares mais difíceis, temos recursos para encontrar a luz", diz Dausgaard, lembrando a "Abertura Helios" inspirada no nascer e no pôr-do-sol.

O maestro fará uma palestra sobre Nielsen, gratuita e com tradução simultânea, no dia 25, às 20h. Inscrições pelo site da Osesp.

MINIFESTIVAL NIELSEN-STRAUSS-RAVEL
QUANDO qui. (18 e 25) e sex. (19 e 26), às 21h, sáb. (20 e 27), às 16h30; dom. (21, na Virada Cultural), às 11h
ONDE Sala São Paulo, praça Júlio Prestes, 16; tel. (11) 3223-3966
QUANTO grátis (dia 21; ingressos uma hora antes), R$ 19,50 a R$ 89 (sex.) e de R$ 45 a R$ 178 (qui. e dom.)
CLASSIFICAÇÃO 7 anos


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