Folha de S. Paulo


George Benson, guitarrista e cantor de 'Give Me The Night', toca em São Paulo

"Ficar calado" rendeu a George Benson seu maior sucesso, "Give Me The Night". É assim que, aos 72, o guitarrista e cantor americano explica a origem do hit produzido por Quincy Jones –responsável pelos álbums "Off the Wall" (1979), "Thriller" (1982) e "Bad" (1987) de Michael Jackson.

"O grande Quincy sabia o que queria de mim e soube como conseguir isso. Foi a primeira vez que trabalhamos juntos e ele me disse: 'George, você pode ficar na palma da minha mão?'. E eu: 'Uou, acho que isso significa que devo calar a boca!'", ri ao telefone, falando à Folha de sua casa na pequena e abastada cidade de Paradise Valley, no Arizona (EUA).

Modéstia, porém, não se obriga a ter ao elogiar a letra, "uma das melhores já feitas", de Rod Temperton, tecladista da banda Heatwave.

"Hoje em dia, os discos mais populares nos EUA são os de gente só gritando 'ô ô, hey aaah'. Eles não são interessantes, mas são os hits. São só barulho. Mas é assim que a coisa vai", crava ele, que faz shows em São Paulo nesta quarta (17) e nesta quinta (18), no festival Samsung Blues. O evento terá também, entre outros, o gaitista Charlie Musselwhite e os guitarristas Ben Harper e Jimmie Vaughan.

Benson empolga-se, no entanto, ao falar da parceria de gente "old school" como o guitarrista Nile Rodgers, do Chic, nos sucessos "Get Lucky" e "Lose Yourself to Dance", de Pharrell Williams com o duo Daft Punk. "Nile Rodgers é um grande link entre o que foi e o que é a música."

Em clima de nostalgia, "Give Me The Night" e os demais sucessos de Benson foram reunidos recentemente no álbum "The Ultimate Collection". O disco é parte das comemorações de suas mais de seis décadas de carreira.

Como balanço, também publicou, em 2014, "Benson: The Autobiography" (Da Capo Press, 256 págs., cerca de R$ 61, importado), escrito com o jornalista Alan Goldsher. Agora planeja também um filme sobre sua trajetória na música, iniciada ainda criança na Pensilvânia.

TAPAS E BEIJOS

Do Brasil, onde diz ser "tratado como rei" hoje em dia, leva de lembrança uma experiência que começou mal.

Atração do primeiro Rock in Rio –a última passagem pelo país também foi para o festival, em 2013–, Benson desembarcou em 1985 sob gritos de fãs de rock que entoavam "heavy metal, heavy metal" e teve de sair escondido do aeroporto. No hotel, mais gritos. "E batiam no carro!", lembra.

"Mas fiz o show e, no dia seguinte, podia escutar as pessoas gritando em frente ao hotel. Abri a janela e ouvi 'George Benson, George Benson'", gargalha.

GEORGE BENSON
QUANDO nesta quarta (17) e nesta quinta (18), às 20h, no Samsung Blues Festival; programação completa em bluesfest.com.br
ONDE HSBC Brasil, r. Bragança Paulista, 1.281, tel (11) 4003-1212
QUANTO de R$ 125 a R$ 900
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


Endereço da página:

Links no texto: