Folha de S. Paulo


Caetano encerra turnê de 'Abraçaço' com hits e 'ensaio' de strip-tease

A bandeira da Palestina ficou tremulando na frente do palco, mas Caetano Veloso não comentou a polêmica sobre os shows que irá realizar em Israel – uma comunidade na internet e o músico inglês Roger Waters, ex-Pink Floyd, haviam pedido que ele e Gil cancelassem a turnê por conta das mortes de palestinos causadas por bombardeios israelenses.

Simpático e condescendente com um público que esperava ouvir alguns de seus hits, Caetano encerrou a turnê de "Abraçaço" na noite do último domingo (7), com um show gratuito, a céu aberto, no Sesc Itaquera.

Marcos Moraes/Brazil Photo Press/Folhapress
Caetano Veloso encerra a turnê de
Caetano Veloso encerra a turnê de "Abraçaço" em show grátis no Sesc Itaquera

"O que ele está tocando, uma guitarra ou um baixo?", perguntou um filho para o pai. "O que ele disse, artista ou comunista?", indagava uma garota ao namorado. Para muitos dos que chegaram tarde e tiveram de se espalhar pelas encostas do local do show, a confusão sobre o que acontecia lá embaixo era grande. Alguns se distraíam tirando "selfies" e formando rodinhas de conversa.

Perto do palco, porém, o público mais do que prestava atenção. Mesmo as músicas do disco mais recente eram conhecidas e as letras, cantadas em coro.
Caetano apresentou as mesmas coreografias encenadas desde o princípio da turnê de "Abraçaço", e, também como desde o princípio, levou as moças ao delírio quando ensaiou um strip-tease.

Ao repertório do álbum, lançado em 2012, foram acrescentadas uma homenagem à irmã, Maria Bethânia ("Reconvexo") e hits de sua longa carreira, como "Eclipse Oculto" (1982), "Você Não Entende Nada" (1972), "De Noite na Cama" (1974) e "Nine Out of Ten" (1972), do seu álbum clássico composto no exílio londrino, "Transa".

Depois de uma hora e meia de show, numa noite de outono de temperatura mais do que agradável (22 graus), Caetano voltou para um bis que incluiu a canção que compôs para São Paulo, "Sampa" (1978), aplaudidíssima e cantada em coro, e a animada "A Luz de Tieta" (1996), da trilha sonora do filme "Tieta".

O espetáculo ficou um pouco a desejar em termos de estrutura – não havia telão, não se escutava bem de longe –, mas o cantor baiano soube compensar, com simpatia, mas também com seu inquestionável talento.


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