Folha de S. Paulo


Clássica, Livraria da Vinci fechará no Rio após 63 anos

Os 63 anos de história da Livraria Leonardo da Vinci estão prestes a chegar ao fim. Ainda em 2015, os atuais proprietários pretendem encerrar as vendas no endereço que virou referência para o mercado de livros do Rio de Janeiro e casa para artistas e intelectuais –como o poeta Carlos Drummond de Andrade– principalmente entre as décadas de 1960 e 1980.

Fundada pelo romeno Andrei Duchiade, a Da Vinci ocupava quatro salas de um edifício histórico da avenida Rio Branco. Duas salas já foram fechadas.

As outras duas serão esvaziadas em breve. Em 1º de junho, começa a queima do estoque dos livros, que sempre atraíram intelectuais, estudiosos e outros leitores em busca de títulos fora das listas de mais vendidos. A Da Vinci ficou conhecida também por seu vasto acervo de livros em línguas estrangeiras.

Marco Antonio Rezende/Folhapress
ORG XMIT: 430601_1.tif Freqüentadores na livraria Leonardo da Vinci, no Rio de Janeiro. (Rio de Janeiro - RJ, 31.10.2002. Foto de Marco Antonio Rezende/Folhapress)
Freqüentadores na livraria Leonardo da Vinci, no Rio de Janeiro

Segundo Milena Duchiade, herdeira da livraria, houve uma diminuição drástica na procura pelas raridades à venda na Da Vinci.

"Optei por um modelo de negócio familiar que não é mais rentável. Diferentemente de outras livrarias, não vendemos outros produtos como games e crédito para celular, nem café servimos", diz a proprietária. "Foi uma opção errada e eu assumo a responsabilidade."

Tampouco investiu em best-sellers e outros títulos com maior potencial de vendas. "Atualmente, uma livraria só se sustenta se vender livros de giro rápido, como os best-sellers e os de autoajuda", diz Duchiade.

"Tenho poucos volumes com essas características. Não sou contra a venda dos best-sellers, mas meus clientes não vêm até aqui para comprar esse tipo de livro."

Segundo ela, a livraria tem hoje entre 60 mil e 80 mil títulos, um acervo formado basicamente por obras raras e em língua estrangeira.

A Da Vinci chegou a listar seu acervo em um site de vendas on-line. A medida, porém, não foi suficiente para aplacar as perdas crescentes de receita, diz a proprietária.


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