Folha de S. Paulo


Multidão se reúne em Memphis para o último adeus ao rei do blues B.B. King

A cidade de Memphis, epicentro do rockabilly e do blues, prestou nesta quarta-feira (27) a última homenagem ao lendário guitarrista B.B. King, que morreu há duas semanas, aos 89 anos.

Centenas de pessoas enfrentaram a chuva e se reuniram no coração da cidade do Tennessee (sudeste dos Estados Unidos), onde o jovem "bluesman" B.B. King começou a carreira, que logo o tornaria uma lenda mundial, junto com outro rei da cidade, Elvis Presley.

King "está de volta a casa, nesta cidade onde então era tão difícil abrir o caminho como músico negro", confidenciou à AFP seu amigo de longa data, Cerver Randle.

Vestida de azul (a cor do blues), uma multidão vinda dos quatro cantos do país se reuniu para assistir a um show tributo em um dos parques da cidade, na primeira etapa das homenagens de Memphis ao "rei do blues".

"Devemos ter cuidado quando usamos a palavra 'King' aqui", disse no palco A.C. Wharton, prefeito da cidade que abrigou o "rei" Elvis Presley e viu morrer assassinado Martin Luther King, em 1968. "King" significa rei em inglês. "Mas estamos aqui para celebrar o rei do blues", acrescentou.

"A música de B.B. King é como um remédio para o espírito. Me faz sentir que não sou o único que sofre", disse Alexander Hamilton Warner, um sexagenário afro-americano de Memphis que participou da homenagem a alguns metros da mítica rua Beale.

Até a lendária Lucille, guitarra Gibson de B.B. King, participou do cortejo em homenagem ao cantor na rua Beale. Ela foi carregada por Rodd Bland, filho de Bobby "Blue" Bland, outra lenda do blues.

Esta é a rua onde o jovem Riley King fez suas primeiras apresentações no final dos anos 1940 e que lhe rendeu o primeiro apelido, "Beale Street Blues Boy" (garoto do blues da rua Beale), que com o passar dos anos viraria simplesmente "B.B.".

Esta homenagem esteve prestes a não acontecer: esta semana foi preciso executar uma necropsia no corpo do músico em Nevada (oeste), depois que duas de suas filhas acusaram o empresário de envenenar seu pai.

Mas a procissão em Memphis parecia indiferente a esta polêmica. "É como com Elvis e Michael Jackson. Sempre há controvérsias quando morre uma lenda. É preciso esperar e respeitar o luto", opinou Alvin Long, morador de Memphis.

Ao final da marcha, os restos mortais do rei do blues serão simbolicamente enviados para o vizinho estado do Mississippi, berço do blues onde King nasceu e será sepultado no sábado.


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