Folha de S. Paulo


Cordas ganham vez no Festival de Inverno de Campos do Jordão

O Festival de Inverno de Campos do Jordão terá 75 concertos, com destaque para cordas e regência.

Os maestros Eiji Oue, da Filarmônica da Rádio NDR de Hannover, e Sian Edwards, da Royal Academy são alguns dos nomes de peso do evento, que será realizado de 4 de julho a 2 de agosto em Campos do Jordão (181 km de São Paulo) e na capital.

A programação foi divulgada nesta quarta (27).

Tanto o japonês Oue, da Filarmônica da Rádio NDR de Hannover, quanto a inglesa Edwards, da Royal Academy, irão reger a Orquestra do festival, composta por bolsistas, o que mostra que o evento seguirá dando ênfase à formação dos alunos. Para o público em geral, esses concertos também serão boas atrações.

Oue vai reger a "Passacaglia" de Marlos Nobre e a "Sinfonia nº 1 "" Titã", de Mahler (1860-1911). Sian comandará récitas com "Concerto para Violino em Ré Menor", de Sibelius (1865-1957), e "Quadros de uma Exposição", de Mussorgsky (1839-1881). O brasileiro radicado na Alemanha Luiz Filíp, que integra a Filarmônica de Berlim, será o solista.

VIOLÃO

Se no ano passado o piano teve destaque, desta vez as cordas ganham espaço. Em especial o violão, não tão frequente em salas de concerto.

O violonista cubano Manuel Barrueco, que faria o encerramento do festival no ano passado, mas não pôde vir ao Brasil, fará concerto no dia 1º de agosto, no Auditório Claudio Santoro, com a Osesp e o regente Giancarlo Guerrero. No programa, Villa-Lobos (1887-1959) e o venezuelano Antonio Estévez (1916-1988).

O Cavatina Duo, de Chicago, será uma das atrações inéditas. Formado pela flautista espanhola Eugenia Moliner e pelo violonista bósnio Denis Azabagic, o duo vai tocar no dia 12 de julho, na Capela do Palácio, em Campos do Jordão, um programa que inclui Bach (1685-1750) e Piazzolla (1921-1992).

O Duo Assad, dos irmãos Sérgio e Odair, que tocarão nos dias 17 e 18 de julho, são outro destaque. "O trabalho deles é bem eclético, eles fazem um 'crossover' entre o popular e o erudito", diz Lauro Machado Coelho, crítico musical e autor de livros sobre ópera.

Para Coelho, a 46º edição do festival mantém sua qualidade e quem estiver em busca de algo mais popular vai encontrar boas opções no cardápio de atrações. Um exemplo que cita é a execução de "Assim Falou Zaratustra", de Richard Strauss (1864-1949), uma das peças do programa da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo no dia 5 de julho, no Auditório Cláudio Santoro, com regência de Claudio Cruz.

O festival ainda trará brasileiros de renome internacional, como o violoncelista Antonio Meneses, que será solista em concerto com a Filarmônica de Goiás.

Outro destaque é o fagotista estoniano Martin Kuuskmann, que vai tocar com a Sinfônica de Santos no dia 25 de julho, de graça, na Praça do Capivari. A maior parte das atrações terá entrada franca.

Manuel Barrueco

ORÇAMENTO MENOR

A 46ª edição do festival, um dos mais importantes do país, terá orçamento de R$ 4,5 milhões, R$ 2 milhões a menos que na última edição.

A quantia representa uma perda de cerca de 30% do valor gasto no programa do ano passado, que custou R$ 6,5 milhões (ou R$ 7 milhões, se computada a inflação de 7,2% no período).

Com os atuais R$ 4,5 milhões, a Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, responsável pelo festival, diz que conseguiu manter a programação com o mesmo tamanho e qualidade em relação à edição do ano passado. Em 2015, serão realizados 75 concertos, sendo que 20 concertos são realizados em São Paulo. Em 2014, foram realizadas 67 apresentações nas duas cidades.

Segundo a Fundação Osesp, a economia de recursos só afetou a parte pedagógica do festival, que será realizada em São Paulo e não mais em Campos do Jordão. Os cortes, neste caso, acontecem em valores referentes a hospedagem e transporte de alunos e professores, bem como na locação de espaços na cidade serrana.

A perda de orçamento reflete reduções relativas a patrocínios, diz a Fundação Osesp. No ano passado, a organização do evento conseguiu captar R$ 3,85 milhões (ou R$ 4,1 milhões corrigidos), e outros R$ 2,65 milhões (atuais R$ 2,84 milhões) foram repassados pela Secretaria de Estado da Cultura.

Neste ano, manteve-se sem correção o valor repassado pela secretaria, de R$ 2,65 milhões, e os patrocinadores destinaram apenas R$ 1,85 milhões ao evento.

Veja, abaixo, os destaques da programação

Editoria de Arte/Folhapress
46º FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO
46º FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO

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