ATENÇÃO, TEXTO CONTÉM SPOILERS
Quando os roteiristas de "Mad Men", que se despediu da TV brasileira na noite desta segunda (18) após oito anos, prometeram o "fim de uma era", era verdade.
Os desfechos foram distribuídos com tamanho esmero, para que cada personagem central tivesse sua evolução particular assinalada, que o episódio pareceu mais final de novela do que de uma série da nova-era-de-ouro-da-TV, em que a regra não dita é deixar sempre algo no ar.
Todos, menos Don (leitor, há "spoilers" a partir daqui).
Depois de afundar em si mesmo, o personagem de Jon Hamm continuou no mesmo lugar –um observador arguto, mas mais passivo do que gostaria de ser, de seu entorno. Esse talento o transformou em um gênio da publicidade, mas nunca no homem que ele queria ser.
O giro de 360 graus em torno do próprio umbigo foi, ao fim, um belo golpe narrativo, ao servir de eixo ao longo das sete temporadas, para outros personagens crescerem. E o capítulo final mostrou que todos amadureceram (até Sally). Menos Don.
Mas é da trinca de personagens femininos centrais, Joan (Christina Hendricks), Peggy (Elisabeth Moss) e Betty (January Jones) que ficam as melhores memórias.
A primeira começou como uma secretária que usava o sex appeal e terminou como uma executiva determinada, mãe solteira e cheia de ideias (e sexy-sem-ser-vulgar, por que não?). A trajetória de Joan é de fazer qualquer Camille Paglia aplaudir de pé.
Betty, a moça mimada que vivia para o marido, terminou como uma mulher madura e sóbria, dona de uma altivez arrepiante até na morte.
E há Peggy, a mais adorável das megeras carreiristas desde a Miranda de "Sex and the City". Sim, ela tem redenção. Quando Moss for indicada a todos os prêmios de TV de 2016, é sua a inesquecível cena de "eu te amo" que merece ser exibida em looping.
NA TV
MAD MEN
ÚLTIMO EPISÓDIO Qua. (20), à 1h20, qui. (21), às 16h25, e dom. (24), às 10h45, na HBO
AVALIAÇÃO ótimo