Se depender da reação da platéia na primeira exibição mundial de "The Sea of Trees", Matthew McConaughey pode dizer adeus às possibilidades de um novo Oscar de melhor ator. O filme dirigido por Gus van Sant ("Gênio Indomável") foi recebido com muitas vaias nesta sexta-feira (15), como parte da competição oficial no Festival de Cannes.
Sendo justo, a culpa não deve cair nas costas de McConaughey, que está convincente como um homem que viaja para uma floresta no interior do Japão para se matar. O problema de "The Sea of Trees" reside na mão pesada de Van Sant, que construiu um dramalhão vergonhoso e previsível do começo ao fim.
O cineasta segue o manual dos filmes de superação: flashbacks que desvendam aos poucos a situação extrema do protagonista; um presente sofrido que ele precisa superar para, assim, também transpor seu luto; e um personagem catalisador (Ken Watanabe) de todas as dificuldades.
Não bastando a coleção de clichês baratos e metáforas óbvias (a floresta é um purgatório), o cineasta de "Milk" ainda apronta um final que não faria feio em nenhuma novela mexicana, apelando para um maniqueísmo barato e uma pieguice açucarada que despertou apenas uma reação da plateia formada por jornalistas: vaias em alto e bom som.