Folha de S. Paulo


À frente do júri de Cannes, irmãos Coen dominam humor macabro

Os irmãos americanos Joel e Ethan Coen formam uma das duplas mais famosas do cinema. Agora, presidem o júri do Festival de Cannes – um lembre de outros dois célebres irmãos, os Lumière, que criaram o cinema há 120 anos.

Seu particular olho cinematográfico terá uma grande influência sobre os outros membros do corpo de jurados na escolha dos vencedores da 68ª edição do evento, que começa nesta quarta (13) e acontece até 24 de maio no sul da França.

O seleto comitê que avaliará as produções inscritas é formado pelo diretor mexicano Guillermo del Toro, a atriz espanhola Rossy de Palma – uma das musas de Pedro Almodóvar –, além dos atores Jake Gyllenhaal, Sophie Marceau e Sienna Miller.

Depois de receberem a indicação, os Coen disseram se sentir "muito felizes" por voltar a Cannes. Em 1991, a dupla venceu a Palma de Ouro, principail prêmio do festival, por "Barton Fink".

"Ser presidentes do júri neste ano é uma honra, porque nunca presidimos nada antes", brincaram.

Os dois também receberam em 2013 o Grande Prêmio do Júri por "Inside Llewyn Davis", um drama protagonizado pelo guatemalteco Oscar Isaac. Joel, por sua vez, foi laureado como melhor diretor por "Barton Fink", "Fargo" (1996) e "O Homem que Não Estava Lá" (2001).

EXCÊNTRICOS

Desde o começo, os Coen se destacaram por fazer um cinema de autor, em que o humor se mistura com temas macabros. Sua obra acaba lembrando o cinema europeu, principalmente pela vocação em fugir das convenções do cinema comercial.

A fama que conquistaram em Hollywood os colocou na lista de diretores com quem as grandes estrelas querem trabalhar. Para seu filme mais recente, "Hail, Caesar!", previsto para 2016, escalaram George Clooney, Scarlett Johansson, Ralph Fiennes, Channing Tatum, Jonah Hill e Josh Brolin.

"Como presidentes do júri, os Coen não tomarão decisões unilaterais, mas fomentarão as discussões. Seus filmes demonstram que gostam de ver as coisas de diferentes pontos de vista", afirma Tim Gray, crítico de cinema da revista "Variety".

Cinéfilos, são conhecidos também pela criatividade e por se envolverem em cada etapa do processo criativo: escrevem, dirigem e produzem os seus projetos.

Por isso, comemoraram a "oportunidade de ver filmes do mundo todo" ao assumirem o júri de Cannes.

CETICISMO

Joel e Ethan Coen serão os quintos cineastas norte-americanos a presidir na última década o mais prestigiado festival do cinema na última. Já exerceram a função Sean Penn (2008), Tim Burton (2010), Robert De Niro (2011) e Steven Spielberg (2013).

Em 2011 – ano de De Niro – coincidentemente o ganhador da Palma de Ouro foi o também norte-americano Terrence Malick, por "A Árvore da Vida".

Em 2014, o vencedor foi o turco Nuri Bilge Ceylan com o melancólico drama "Winter Sleep".

Dezenove filmes disputam o prêmio principal de Cannes nesta edição, como "Chronic" do mexicano Michel Franco, "Sicario" com Benicio del Toro, e "Il Racconto dei Racconti", protagonizada por Salma Hayek.


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