Folha de S. Paulo


Filme de Amos Gitai e produção sobre nazismo são destaques da TV nesta semana; programe-se

Segunda-feira (11)

A "Free Zone" (2005, Cultura, 0h30) a que se refere o título deste filme de Amos Gitai diz respeito a, isso mesmo, uma zona franca na franca na fronteira da Jordânia, onde circulam israelenses, palestinos, jordanianos –enfim, quem aparecer.

Nessa zona franca a ideia básica é a de troca. Não que as tensões de fronteira sejam pequenas. Em todo caso, haverá trocas intensas entre as três mulheres que dominam o filme, não necessariamente de ordem comercial.

O essencial nas relações entre a judia americana Natalie Portman, a israelense Hanna (Hanna Laszlo) e a árabe Leila (Hiam Abbass) é que cada uma delas levará seus problemas: afetivos, identitários, econômicos. Problemas não faltam.

A ideia de Gitai, aqui, é mostrar aqui um pouco da coexistência possível. E problemas "normais", não os de sempre, intolerância, preconceitos, ocupação etc. Uma vida imperfeita, sim, mas não impossível.

Terça-feira (12)

O que "Nosso Lar" (2010, TC Touch, 20h) traz de especial é o fato de ter posto fim a um promissor ciclo espírita no cinema brasileiro.

Ele começara tímido, com uma pequena produção de sucesso surpreendente. Depois, até filme de Daniel Filho, cheio de atores da Globo, aconteceu: sucesso ainda maior.

O que emperra "Nosso Lar" não deve ser a origem, que são cartas psicografadas por Chico Xavier. A história diz respeito a um médico que, após morrer, não acredita que haverá outra vida. Eis o problema: há.

Representar esse além é um problema: a organização geral da cidade, o muro dos que vão ao purgatório, a gracinha que são as casas de quem finalmente chega à outra vida... Tudo parece artificial, bem mais tecnológico que metafísico. Parece que o publico sentiu o drama: ninguém quer morrer, mas a fé não é, dramaticamente, coisa fácil de conquistar.

Divulgação
Paulo Goulart em cena do filme
Paulo Goulart em cena do filme "Nosso Lar"

Quarta-feira (13)

Digamos que você esteja à toa lá pelas 23h de hoje: é quando entra "Cineastas em Exílio" (2009, Curta!), documentário de Karen Thomas feito para a TV pública americana sobre os cineastas que fugiram da Alemanha com a ascensão do nazismo.

É uma bela ocasião para se inteirar, a partir de testemunhas que estiveram lá em 1933, sobre a brutalidade que se abateu sobre a Alemanha a partir do dia mesmo da eleição que levou Hitler ao poder.

Com isso abriu-se a bela contribuição do nazismo a Hollywood. Mas o documentário é um alerta contra o espírito de intolerância –coisa que os nazistas cultivaram com carinho, mas que pode atingir qualquer "normal".

É também uma ocasião para lembrar que estamos celebrando o momento da rendição alemã por esses dias e o fim das atrocidades inomináveis, torpes, cometidas então.

À 0h entra "Memórias Póstumas" (2001, Arte1) digna ilustração digna da obra-prima.


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