Folha de S. Paulo


ANÁLISE

Quadros centrais da carreira de Volpi voltam ao acesso do público

Alfredo Volpi guardou consigo 47 obras que realizou ao longo da carreira, escolhendo as mais significativas de cada fase. Essas pinturas, que após morrer se integraram a seu espólio, representam assim aquelas mais queridas e admiradas por ele mesmo.

Com esses trabalhos, Volpi mantinha uma relação afetiva e, por isso, nunca quis vendê-los, apesar do assédio constante dos amigos "volpistas" que frequentavam sua residência.

Dois exemplos dessa relação são o retrato da ilustradora Hilde Weber e o de Judith, sua mulher, em comodato no Museu de Arte Contemporânea da USP desde 2013. As telas são consideradas obras-primas do artista nos anos 1940.

Uma das telas ainda desaparecidas, identificada no site do Instituto Alfredo Volpi como de número 45 na seção "roubadas/extraviadas", alcança o mesmo valor, pois é uma de suas melhores obras da fase concreta, na década de 1950, que durou só três anos.

A apreensão de mais uma obra ganha relevância no sentido de que o corpo central da obra de Volpi, composto de suas telas preferidas, retornam ao público. Para tanto é preciso dar crédito ao Instituto Alfredo Volpi, constituído por amigos do artista, estimulados aliás por ele mesmo.

Em 1980, por meio de uma escritura pública, Volpi deu poderes a esses amigos para continuarem a catalogar sua obra, o que ele tinha iniciado a fazer pessoalmente, ao longo da carreira, e também foi feito brevemente pelo Museu de Arte de São Paulo, o Masp, entre 1978 e 1980.

Esses amigos, entre eles Marco Antonio Mastrobuono, Ladi Biezus e José Basano Netto, fotografaram as obras que estavam na casa do artista em julho de 1997. É por meio dessa catalogação que a polícia e a Justiça podem realizar ações como a da última terça-feira (14) na Bolsa de Arte.


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