Folha de S. Paulo


Branco e preto predominam em looks de Animale e Uma na SPFW

Não cabe mais dentro da lógica da moda discutir se as roupas são de inverno ou de verão. A equação de cores vivas, pouca roupa e tecidos leves que por muito tempo nortearam as coleções pensadas para dias mais quentes, parece, datou.

No primeiro dia de desfiles desta edição de 20 anos da São Paulo Fashion Week, que mostra a coleção de verão 2016, as grifes Animale e Uma mostraram variações de preto, branco e cinza em peças de alfaiataria com sobreposições e recortes pontuais.

A semana de moda ocorre até sexta-feira (17) no parque Candido Portinari na zona oeste da capital paulista.

O estilista Vitorino Campos, 27, um dos mais jovens do Brasil a assumir uma grife importante como a Animale, está atento à nova cartilha baseada mais nos desejos das mulheres do que nas regras do mercado.

Em sua coleção de verão 2016, que abriu a Fashion Week, o designer baiano rasgou os vestidos para mostrar partes do corpo, fez uma sobreposição com peças estampadas que são a cara da Animale e produziu uma das mais belas coleções que a grife já desfilou. Às vezes pesada, mas fresca e sexy como o verão.

O ponto de partida foi o período entre os anos 1920 e 1960, quando o pintor catalão Salvador Dalí (1904-1989), a estilista italiana Elsa Schiaparelli (1890-1973) e uma roda de artistas e intelectuais da época se reuniam no Café Society, em Paris, para noites de esbórnia e bebida.

Duas modelos negras chamaram a atenção do público no desfile. Não que a grife só colocasse mulheres brancas na passarela, mas, após o suposto caso de racismo que ocorreu em frente à loja da marca na rua Oscar Freire no dia 28 de março, quando uma criança teria sido expulsa da frente do ponto da marca em São Paulo por causa da cor de sua pele, a passagem das modelos gerou burburinho.

ANDROGINIA

A estilista Raquel Dawidovicz, da Uma, colocou em seu verão 2016 toda a herança de sua grife –alfaiataria, peças descoladas do corpo e algumas doses de androginia que fizeram a fama da marca entre artistas paulistanos e cariocas.

Desta vez, no entanto, a estilista explorou ainda mais os limites entre os gêneros masculino e feminino, com bermudas e elementos esportivos misturados à alfaiataria nas mulheres.

Num jogo de opostos, mesclou o preto e o branco em peças atemporais, ora leves ora construídas com mais tecido.

Esperta, a estilista colocou o cinza, o meio-termo entre as duas cores básicas do guarda-roupa de qualquer sexo, no meio da passarela.


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