Folha de S. Paulo


Isenção divide galerias em 'duas castas', diz marchand barrado

Um dos pioneiros do mercado da arte no país, Thomas Cohn, que lançou artistas como Adriana Varejão e Leonilson, fechou sua galeria há três anos e abriu outra, que agora trabalha com joias criadas por artistas. Ele tentou entrar nas duas últimas edições da SP-Arte, mas foi barrado pela direção do evento por causa do tipo de obra que decidiu vender.

Enquanto Fernanda Feitosa, diretora da feira, diz que "joias não são artes plásticas", Cohn se irrita com o veto por não poder vender suas peças com a isenção de ICMS concedida à feira desde 2012, dizendo que a SP-Arte cria uma situação de "pedágio" que galeristas têm de pagar.

"É um favorecimento que divide os galeristas em duas castas. Uma são os amigos do rei, ou de Fernanda Feitosa e seu marido, Heitor Martins, presidente do Masp. Outra é a senzala, formada por aqueles que não desejam fazer parte do establishment ou não são mesmo aceitos."

Cohn chegou a estudar meios legais para conseguir, mesmo fora da feira, o mesmo benefício concedido às casas que participam do evento, mas desistiu da briga. "Não daria resultado nenhum e a despesa seria altíssima", diz. "Eles são muito poderosos."

Moshe Sendacz, advogado do galerista, afirma que a isenção de ICMS obtida pela feira junto à Assembleia Legislativa é legal, mas poderia ser questionada com base no princípio de isonomia fiscal previsto pela Constituição.

Questionada sobre a concorrência enfrentada pelas galerias de fora com as de dentro, Feitosa disse não crer que a isenção crie uma situação de "disparidade" no mercado e que, se pudesse, faria uma feira só de joias para Cohn.


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