Folha de S. Paulo


Antonio Nóbrega leva seu 'PAI' para bailar

Na edição deste ano, O Boticário na Dança terá uma novidade: uma criação feita para estrear no festival.

"PAI", coreografia do músico e bailarino pernambucano Antonio Nóbrega, era para ser montada ao longo de um ano. Mas, ao receber o convite para participar do evento, o artista mudou de ideia.

"Não queria repetir espetáculos, então topei o estranho desafio de montar a obra em três meses, com recursos reduzidos, mas muita vontade de mostrar como está meu pensamento sobre a dança", conta Nóbrega.

Esse pensamento engloba sua conhecida busca por uma linguagem brasileira, "que não fique no limbo da cultura folclórica". A novidade agora é a tentativa de desenvolver um tema.

"Ao me aproximar do conceito de 'pai' na cultura brasileira, há dois aspectos que precisam dialogar: o feminino, de matriz africana, e o masculino, da natureza patriarcal do Ocidente." No espetáculo, com oito bailarinos ("corpos, música e muito pouco de outros recursos"), ele reflete sobre o tema sem perder o caráter lúdico de suas criações.

"Um espetáculo de dança tem que atender sensorialmente o público, tem que ser degustado pelo olhar, é emoção vinda do corpo."

Ele contrapõe essas qualidades ao caráter que considera excessivamente conceitual na dança contemporânea.

Mas diz querer usar tanto os conceitos quanto as técnicas da modernidade para recriar o imaginário brasileiro.

"Essa recriação já acontece na literatura, na música, mas na dança há um vazio. É uma tentativa de fazer algo que já deveria ocorrer há gerações. Veja só minha presunção", diz Nóbrega.


Endereço da página:

Links no texto: