Folha de S. Paulo


Moeda criada por festival mascara preços altos dos alimentos à venda

Não só no mundo real da economia que nossa moeda anda depreciada. No festival Lollapalooza, é preciso desembolsar 2,5 unidades da moeda brasileira para receber de volta só uma unidade da moeda do evento, o mango.

A conversão é feita em caixas espalhados pelo autódromo de Interlagos, próximos aos bares, que só aceitam os mangos. Para comprar na área de barracas de chefs, o chamado Chef's Stage, também é necessário o tíquete.

Tal qual numa viagem ao exterior, é preciso fazer um breve cálculo em frente às placas de preços. Está lá: chope a 4 mangos (R$ 10), água a 2 (R$ 5), refrigerantes a 3 (R$ 7,50).

Nas filas dos caixas, muitas pessoas usam as calculadoras de seus celulares para converter a moeda e descobrir quanto cada prato ou bebida vale –o mango causa a falsa impressão de que os preços estão razoáveis.

Vem então a máxima do viajante: quem converte nem se diverte. O couscous marroquino com legumes e o arroz carreteiro da chef Morena Leite (à venda no chef's stage), a R$ 25, por exemplo, doem menos se pensados em mangos, 10 cada um.

Gustavo Cesar da Silva, 27 anos, foi um dos que reclamaram do valor. "A cotação do mango está quase a mesma cotação do dólar", brincou. "Vou ficar pobre".

"Esses preços são um absurdo!", reclamou Suzi Baldi, 37. "Está tudo muito caro."

Quem não quiser fazer a conversão pode escapar dos mangos comprando comidas com os vendedores ambulantes. Eles aceitam reais também –mostram seus preços assim: hot dog e batata frita por R$ 12,50 (cada um), pastel e pipoca por R$ 10 (cada um).


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