Folha de S. Paulo


Crítica: 'Vício Inerente' mostra como América tecnicolor virou cinza e perdida

Na superfície, "Vício Inerente" é uma história policial com um detetive particular, Doc Sportello (Joaquin Phoenix), que periga ser o personagem mais louco desde o Dude que Jeff Bridges imortalizou em "O Grande Lebowski" (1998), dos irmãos Coen.

Mas o filme, dirigido pelo talentosíssimo Paul Thomas Anderson ("O Mestre", "Sangue Negro") e adaptado de um romance de Thomas Pynchon, é muito mais que isso.

Divulgação
Cena do filme 'Vício Inerente', de Paul Thomas Anderson
Cena do filme 'Vício Inerente', de Paul Thomas Anderson

É um mergulho em 1970, quando o sonho hippie de paz, amor e LSD já tinha sido substituído pela paranoia e conflitos que desembocariam em Watergate e, depois, pela guinada à direita da era Reagan.

Foi o ano em que a América percebeu que o mundo era cinza, não tecnicolor. Não é à toa que personagens parecem perdidos. O país estava assim.

Quando Doc recebe a missão de procurar uma ex-namorada, Shasta (Katherine Waterston), que vivia um romance proibido com um misterioso magnata, Mickey Wolfmann (o excelente e sumido Eric Roberts, irmão de Julia), sua vida entra numa espiral descendente e lisérgica, em que ele encontra dentistas traficantes (Martin Short, engraçadíssimo), um policial barra pesada (Josh Brolin), um músico/informante do FBI (Owen Wilson) e uma procissão de malucos que são típico Pynchon.

Mais um filme surpreendente de Anderson, que se tornou um dos maiores cronistas dos submundos em "Boogie Nights" e "Magnólia".

VÍCIO INERENTE
(Inherent vice)

DIREÇÃO Paul Thomas Anderson
ELENCO Joaquin Phoenix, Owen Wilson, Katherine Waterston
PRODUÇÃO EUA, 2014, 18 anos
AVALIAÇÃO muito bom
QUANDO estreia nesta quinta (26)


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