Folha de S. Paulo


Crítica: Brian de Palma faz atualização adequada de clássico gângster

Alguém já disse que, para Brian de Palma, existe sempre uma imagem por trás da imagem. Por isso, boa parte de seus filmes procura captar o mundo não diretamente, mas por meio de outras imagens, em geral anteriores (os filmes de Hitchcock, por exemplo).

No caso de "Scarface" (1983, 18 anos, Studio Universal, 22h), a imagem subjacente é a do filme de 1932, de Howard Hawks. Como Hawks, e ao contrário de Hitch, ele não cultua a imagem, mas o real, e a refilmagem resulta menos forte que o original. Mas como se trata de Palma, não é supérflua.

Ele transforma o mundo dos traficantes de bebidas em um império da droga, digno dos anos 1980. Ele leva seu Tony Montana (Al Pacino) para a Flórida. Ele é tão violento quanto o original, mas menos infantil, menos sub-humano (não tem o ar simiesco de Paul Muni). É uma atualização adequada, afinal, do clássico gângster.


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