Folha de S. Paulo


Osesp só não renova com Marin Alsop se ela não quiser

A norte-americana Marin Alsop só não terá seu contrato renovado como regente titular da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado) se for esse o seu desejo.

Ela assumiu o posto há três anos e deveria ocupá-lo até 2016. Não há obstáculos às negociações para que a renovação aconteça. A Folha apurou que esse entendimento prevalece entre os nove integrantes do Conselho de Administração da Fundação Osesp, colegiado que dá a última palavra sobre as questões internas.

Para os conselheiros, o fato de uma parcela dos músicos criticar a maestrina é uma ocasião para que entendimentos desarmem qualquer animosidade.

A possibilidade de Alsop não permanecer na regência da mais prestigiada orquestra do país surgiu com o vazamento da informação de que apenas 30% dos músicos desejam a permanência dela. O desejo dos músicos foi expresso em uma avaliação interna, em que as opiniões são dadas de forma anônima.

Mesmo se mantida, essa oposição dos músicos teria caráter apenas indicativo, já que a orquestra, como Organização Social (entidade privada que assina periodicamente contrato artístico com seu principal patrocinador, o governo do Estado), não é um coletivo com poder exercido por músicos e funcionários.

Bruno Poletti/Folhapress
A regente americana Marin Alsop, durante coquetel de abertura da temporada 2015 da Osesp
A regente americana Marin Alsop, durante coquetel de abertura da temporada 2015 da Osesp

RODÍZIO

O principal argumento dos músicos se referia aos ensaios. A regente titular dividiu o conjunto sinfônico em dois grupos, com a suposta valorização de um deles.

A versão que chegou ao conselho, no entanto, foi a de que o rodízio atingia apenas cerca de 20 dos 115 músicos, todos eles de instrumentos de sopro, que em geral, pelo esforço físico exigido, são poupados de parte da preparação.

A trivialidade dessa explicação contrasta com a impressão de que a orquestra estava diante de uma crise comparável à de janeiro de 2009, quando a Fundação Osesp demitiu o maestro John Neschling, grande arquiteto de sua reestruturação e seu titular durante 12 anos.

Neschling foi sucedido pelo maestro francês Yan Pascal Tortelier (2009-2011), a quem, por sua vez, Alsop sucedeu.

No período pós-Neschling, a estrutura interna se descentralizou, com a contratação em 2010 de um diretor artístico (Arthur Nestrovski) e a assessoria de dois consultores, um britânico e outro norte-americano, que orientam na escolha de solistas estrangeiros contratados.


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