Folha de S. Paulo


'Sexo já não vende mais', diz guru da Calvin Klein

Quando o estilista americano Calvin Klein, 72, anunciou que deixaria sua grife, em 2003, foi seu assistente Kevin Carrigan quem teve de levar nas costas o ideal de sexualidade construído por seu mentor nas campanhas da marca.

Klein e Carrigan, que introduziram o termo "sex sells" (sexo vende) na moda, já tiraram a roupa da modelo Kate Moss e dos atores Brooke Shields e Mark Wahlberg para vender cuecas e calcinhas da linha de roupas de baixo da marca.

Divulgação
Campanha Primavera 2015 da Calvin Klein com o cantor Justin Bieber e a modelo Lara Stone
Campanha Primavera 2015 da Calvin Klein com o cantor Justin Bieber e a modelo Lara Stone

Ele, que também é diretor criativo da divisão de jeans e "fitness" da grife, veio ao Brasil no mês passado para lançar a linha White Label, de roupas para trabalho, que em breve ganhará loja em São Paulo.

Em entrevista à Folha, o estilista, formado em desenho industrial e responsável por criar os produtos campeões de venda da marca, anuncia que no início do próximo ano, seis meses antes da Olimpíada do Rio, trará ao Brasil a linha de roupas para academia.

"As pessoas só querem se sentir sexy quando se vestem. Inclusive para se exercitar", afirma o britânico. "Ficamos surpresos com a aceitação dos nossos jeans pelos brasileiros. Acho que não será diferente com as roupas para malhar."

No Brasil, a linha de jeans da Calvin Klein fez tanto sucesso que, em apenas dez anos, já contabiliza 30 lojas pelo país. "Talvez a receita seja nunca olhar para o 'vintage', esse passado que a moda adora."

Mas o passado ainda está na mente de Carrigan. Ele recorda o choque que as imagens das estrelas sem roupa causavam nos consumidores, que usavam as peças como algo quase ilícito. "A pornografia gratuita na internet acabou com a ideia de que um homem e uma mulher com roupas de baixo eram intimidadores. Os jovens não se chocam mais com sexo, essa é a verdade. Há 15 anos, vendia muito mais", diz.

"Hoje, temos que pensar estratégias para criar a imagem provocante que nos fez famosos", diz. Estas estratégias, porém, podem gerar polêmicas. Em 2010, um anúncio da grife com a modelo holandesa Lara Stone sendo "atacada" por três homens foi banida na Austrália por, supostamente, incitar violência contra mulher.

Ele não adianta detalhes dos próximos passos da marca, mas afirma que lançará em junho a próxima campanha de cuecas e calcinhas da grife que será "um divisor de águas dentro na moda por mostrar como os jovens encaram o sexo atualmente".

A última campanha da linha "underwear", lançada em janeiro, porém, exibe o cantor Justin Bieber seminu ao lado da top holandesa Lara Stone. E Bieber desperta desejo? "Foi ele quem nos ligou pedindo para aparecer na campanha. Disse que queria mudar sua imagem. Foi um sucesso, afinal."

Divulgação
Mark Whalberg em campanha para Calvin Klein em 1992 e Justin Bieber em 2015
Mark Whalberg em campanha para Calvin Klein em 1992 e Justin Bieber em 2015

Endereço da página: