Folha de S. Paulo


Tiririca é condenado por parodiar canção de Roberto e Erasmo

A Justiça condenou o deputado federal Tiririca (PR-SP) e o diretório regional de São Paulo do PR (Partido da República) por parodiarem a canção "O Portão", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, na campanha eleitoral do ano passado. A sentença foi do juiz Márcio Teixeira Laranjo, da 21ª Vara Cível de São Paulo.

Pela decisão em primeira instância, os réus estão proibidos de utilizar a música e terão que pagar indenização, em valor ainda não estipulado, à editora EMI Songs, detentora dos direitos patrimoniais da composição.

Reprodução
Tiririca se fantasia de Roberto Carlos para campanha eleitoral
Tiririca se fantasia de Roberto Carlos para campanha eleitoral

Na campanha eleitoral na TV em 2014, Tiririca imitou Roberto Carlos, usando peruca e terno branco, para pedir votos. Sentado em frente a um prato de bife, em referência à propaganda de um frigorífico protagonizada por Roberto, Tiririca cantava: "Eu votei, de novo eu vou votar/ Tiririca, Brasília é o seu lugar".

A propaganda adaptou os versos originais de "O Portão": "Eu voltei, agora pra ficar. Porque aqui, aqui é meu lugar".

Tiririca foi reeleito deputado federal por SP com mais de 1 milhão de votos, o segundo mais votado do Estado.

Na sentença emitida no dia 13/3, o juiz afirma que "é de rigor reconhecer a ofensa ao direito autoral, pelo uso e transformação de composição sem autorização".

"O material publicitário, como seria de se esperar, busca a promoção do candidato, a exclusiva satisfação de seus interesses eleitorais. Não tem como finalidade o humor, a diversão dos espectadores."

"Aliás, programa eleitoral, gratuito e obrigatório, não é -ou ao menos não deveria ser- programa humorístico."

Advogado de Tiririca e do PR, Ricardo Vita Porto diz que entrará com recurso contra a decisão. "Se precisarmos de autorização para fazer imitação de um artista, estaremos num cenário nebuloso. Isso coloca em risco a liberdade de expressão", comentou.

Para José Diamantino, advogado da EMI, a sentença foi lúcida. "É uma afronta ao direito autoral pegar uma música e colocar numa campanha política, alterando a letra, sem autorização. Dava a impressão de que o Roberto apoiava o candidato."


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