Arquiteto de arquitetos, o alemão Frei Otto foi anunciado nesta terça o vencedor do Pritzker, maior prêmio da arquitetura, um dia depois de sua morte, aos 89, por causa não divulgada, na Alemanha.
Ele, que é o primeiro vencedor do prêmio a morrer antes do anúncio oficial, era conhecido por suas estruturas ao mesmo tempo robustas e com aparência de leveza, como as coberturas dos pavilhões olímpicos de Munique, em 1972.
Famoso entre arquitetos por seu trabalho na complexa engenharia de tetos e coberturas, usando estruturas metálicas para criar formas escultóricas, Otto costuma ser comparado ao americano Buckminster Fuller, inventor dos domos geodésicos e um dos nomes centrais do pós-modernismo e do movimento conhecido como era das megaestruturas na arquitetura.
"Ele adotou uma definição de arquiteto que incluiu também a de pesquisador, inventor, engenheiro, construtor, professor, colaborador, ambientalista, humanista e criador de espaços e prédios memoráveis", diz a nota do júri do Pritzker sobre Otto.
Quando Martha Thorne, diretora do prêmio, foi a sua casa, em Stuttgart, no início deste ano para comunicar a decisão do júri, Otto disse que "não havia feito nada". "Vencer prêmios não é o objetivo da minha vida", disse. "Tento ajudar os pobres, mas posso dizer que fico feliz."
Segundo o jornal "The New York Times", era grande o lobby para que Otto vencesse.
Nascido em 1925, em Siegmar, na Alemanha, ele se interessava desde jovem pela mecânica dos aviões, tentando estudar os efeitos do ar e do vento sobre finas membranas de material. Não à toa, sua obra madura estaria ancorada na dinâmica de estruturas que parecem flutuar no ar.
Além de Munique, Otto trabalhou com Shigeru Ban -vencedor do Pritzker no ano passado- no pavilhão japonês da Expo de Hannover, há 15 anos. Sua vitória, assim como a de Ban, indica preocupação maior do júri do prêmio com nomes mais engajados na defesa ambiental e no uso de materiais renováveis.